São Paulo – Até agosto a Fundep, fundação responsável pela gestão dos recursos de pesquisa e desenvolvimento do Rota 2030, receberá os projetos da área de ferramentaria que buscam recursos para saírem do papel. As idéias, segundo interlocutores, estão sendo enviadas, mas há certa preocupação com as empresas menores que, por razões conjunturais e financeiras, podem ficar de fora do incentivo.
O assunto foi discutido durante debate online promovido pela AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, na quarta-feira, 17. Jefferson de Oliveira Gomes, presidente do IPT, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, também um braço articulador dentro da política industrial que virou lei em 2018, acredita que neste momento as entidades técnicas devem buscar um diálogo mais próximo à realidade da indústria de ferramentaria brasileira:
“É um setor composto por muitas empresas médias e pequenas que estão passando por dificuldades para operar. Para atraí-las ao programa setorial é preciso um diálogo menos técnico e mais objetivo, porque muitas pensam que é preciso investir para se enquadrarem no Rota 2030. Hoje digo que o programa já foi entendido pelas empresas maiores e que agora é preciso chamar as demais”.
Sobre o que seria preciso para tornar a ferramentaria nacional competitiva, Carlos Sakuramoto, gerente de tecnologia e inovação da engenharia de manufatura da General Motors, disse que o Rota 2030 é fundamental para essas empresas menores, não apenas para que acompanhem as evoluções dos produtos de seus clientes, mas, particularmente, para que possam elevar o padrão da indústria nacional frente a de outros mercados:
“A indústria asiática é muito competitiva em termos de ferramentas para o setor automotivo, mas podemos alcançar este nível mudando processos e cultura das empresas em todos os níveis dentro da cadeia. Se os asiáticos entregam ferramental com 2 mil horas de desenvolvimento, precisamos ser mais rápidos do que isso”.
A ferramentaria é um dos pontos focais do Rota 2030. Para fomentar os segmentos do programa foi criado um fundo com recursos privados que atingirá cerca de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, sendo que os desembolsos anuais serão de cerca de R$ 200 milhões.
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