São Paulo – O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, espera que até junho as regras para a segunda fase do Rota 2030, a política industrial do Estado brasileiro, estejam postas à mesa. As discussões se estenderam nos últimos meses e, de acordo com o executivo, aceleraram nas últimas semanas com a posse do novo governo.
Esta segunda etapa deverá trazer as diretrizes com relação à descarbonização e à eletrificação da produção brasileira de veículos. Ao menos é a expectativa de Lima Leite – e de diversos executivos ouvidos pela reportagem da Agência AutoData nos últimos meses. O presidente da Anfavea disse que será a partir da segunda fase do Rota 2030 que se iniciará um novo ciclo de investimentos da indústria automotiva nacional.
“Nós não buscamos incentivos: queremos ter definido o viés para questões ambientais e as tecnologias para a descarbonização”, disse Lima Leite em entrevista coletiva virtual à imprensa na segunda-feira, 6. Ele já demonstrou, em outras ocasiões, ser partidário da hibridização com uso do etanol, mas garantiu que na Anfavea não há preferência por uma tecnologia ou outra.
Enquanto algumas empresas caminham para o desenvolvimento dos conjuntos híbridos flex para, com a ajuda do etanol, alcançarem metas de redução de CO2, existem aquelas que, como a General Motors, já anunciaram não ter em seus planos período de transição. Seu presidente Santiago Chamorro reforçou em recente entrevista um discurso que vem sendo repetido nos últimos anos, de que a GM partirá diretamente para os 100% elétricos inclusive no Brasil.
Seja elétrico ou híbrido os investimentos das companhias serão definidos a partir das orientações da segunda fase do Rota 2030. E, junto com ela, Lima Leite espera que os executivos daqui possam levar às suas matrizes outras boas notícias, como a reforma tributária e a melhoria na competitividade do setor automotivo local: ele repetiu, na última entrevista coletiva, a bitributação do IOF como um dos fatores que elevam o custo dos veículos no País. A questão do crédito é outro ponto em discussão com o governo.
No mês passado uma comitiva da Anfavea reuniu-se com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A ele foram apresentados os planos do que Lima Leite tem chamado de reindustrialização do País, com medidas que têm como objetivo reduzir o custo-Brasil e melhorar a competitividade da indústria local.
“A percepção do vice-presidente foi positiva”, disse o presidente da Anfavea. “Temos claro quais deverão ser os próximos passos e em breve deveremos apresentar algo ao ministro.”
Lima Leite citou o avanço do México, que recentemente recebeu diversos anúncios de investimentos em novos projetos automotivos. O Brasil possui acordo de livre-comércio com o país da América do Norte, mas não é uma possível invasão de veículos mexicanos que deixa o executivo preocupado:
“Estamos perdendo terreno para o México em termos de competitividade. O país, que não está para brincadeira, tem atraído diversos investimentos no setor em trabalho já iniciado há alguns anos. Tanto que somos hoje o oitavo maior produtor mundial, enquanto que o México é o sétimo. O Brasil precisa entrar nessa briga, que deve incluir aportes para pesquisa e desenvolvimento de forma mais robusta, para ultrapassar esse país e melhorar sua posição no ranking”.