São Paulo – A pandemia da covid-19 e os novos comportamentos sociais criados a partir dela poderão representar, em futuro próximo, um impulso nas vendas de veículos no mundo. É o que sugere estudo realizado pela Capgemini em abril, que avaliou as preferências de 11 mil consumidores da Europa, China, Índia e Estados Unidos sobre como será a mobilidade no pós-pandemia.
Antes de revelar os dados apurados, o levantamento da consultoria chama a atenção para o cenário pré-pandemia, quando havia registros de quedas nas vendas de veículos nos principais mercados do mundo. Ainda que diga respeito ao público europeu, não parece ser algo distante daquilo que também é esperado para o mercado brasileiro: o uso de automóveis em detrimento do transporte público por questões sanitárias é um fator em comum. Também o são, pela mesma razão, a posse de veículos em vez do seu uso como serviço e a busca por canais digitais para interação com rede de concessionários.
Vamos aos números: 44% dos 11 mil entrevistados afirmaram que preferem, agora, o automóvel ao transporte público. 40% disseram que reduzirão o uso de serviços de carona e de compartilhamento de veículos. 46% dos consumidores desejam minimizar a presença em concessionárias.
Diante dos resultados a consultoria aconselha que as montadoras façam melhor uso das estratégias de comunicação, como no sentido de destacar o sistema de ar-condicionado de seus modelos. 66% dos entrevistados disseram estar dispostos a pagar mais por veículos que oferecerem estes recursos de forma a garantir que o veículo dispõe de segurança em termos de circulação de ar limpo.
Montadoras e revendedores devem, segundo a Capgemini, intensificar rapidamente o uso de aplicativos móveis, mídias sociais, interfaces de voz para fornecer a experiência de algo denominado pela consultoria como contato zero.
35% dos entrevistados pela pesquisa afirmaram estar dispostos a comprar veículos ainda em 2020: metade dos entrevistados acredita que os mercados vão se recuperar em seis meses. Este público tem forte participação de jovens, 29% de 25 a 35 anos, e o recorte é visto de forma mais significativa pelos entrevistados na China – o maior mercado do mundo – Índia, Itália, Espanha e Estados Unidos.
A Capgemini sugere, assim, que as empresas do setor automotivo desenvolvam ofertas para consumidores mais jovens considerando modelos de pagamentos mais flexíveis, como leasing subsidiado de curto prazo ou veículo por assinatura, por exemplo. As montadoras também devem explorar mais estratégias comerciais em redes sociais.
Outra sugestão diz respeito à adaptação da gama ao momento atual – inserir na oferta modelos mais enxutos de forma a proporcionar redução em seus preços finais. A lógica da consultoria: o jovem consumidor tem mais possibilidades de quitar o pagamento de um veículo mais barato, sobretudo em países onde já se especula uma nova onda de pandemia da covid-19.
Estariam, assim, os jovens consumidores dispostos a considerar a compra de modelos com poucas opções de cor, por exemplo.
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