São Paulo – A Caoa Chery mantém inalterado seu planejamento para o mercado brasileiro ainda que, hoje, represente um balaio de desafios de vendas por causa da pandemia. Uma das metas da montadora é conquistar fatia de 3% do mercado até 2022 por meio da expansão da sua oferta.
Com a chegada da família de SUVs Tiggo, e a do sedã Arrizo 5, no ano passado, a companhia conseguiu emergir dos 0,64% de mercado para fatia de 1% no fim do primeiro semestre deste ano. Em junho a empresa lançou o sedã médio Arrizo 6, e até dzembro, segundo o presidente Marcio Alfonso, está confirmado o lançamento do Tiggo 8, com produção em Anápolis, GO.
A importação de um modelo SUV de luxo da Exceed, subsidiária premium da Chery na China, está em estudo de viabilidade, de acordo com o executivo, que não descartou sua incorporação à oferta da empresa no Brasil em breve – podendo, inclusive, ser produzido aqui.
O que se pode depreender dos lançamentos é que a montadora buscará crescer em nichos em que a rentabilidade se torna viável em baixos volumes. O cenário se desenha desta forma, disse Alfonso, para justificar a por ora restrita capacidade produtiva – que afora Anápolis mantém fábrica em Jacareí, SP – e também a ausência da companhia no segmento de hatches.
“Ainda que nossas fábricas sejam modernas hoje não temos capacidade para produzir um modelo de grande volume. É algo que demandaria expansão, investimento e, principalmente, um mercado mais aquecido. De forma que enxergamos que o melhor caminho, por ora, é buscar oportunidades em segmentos mais rentáveis.”
O mercado de veículos compactos é, hoje, dominado por empresas que, de fato, possuem um braço produtivo mais robusto do que a Caoa Chery, instalada aqui há pouco menos de uma década considerando a era prévia à sociedade estabelecida por Carlos Alberto Oliveira Andrade e a estatal com casa-matriz na China.
Até junho, mostraram os dados da Fenabrave, figuraram no topo da lista de veículos mais vendidos General Motors e Volkswagen, ambas com grande parque industrial para produzir o best-seller Chevrolet Ônix e a fieira clássica de compactos Gol, Fox, Voyage e up!.
Nas contas da Caoa Chery seria inviável entrar nessa briga, que ainda tem a FCA como forte concorrente. Por isso o planejamento segue no caminho contrário ao das três montadoras líderes: “Produzir de forma mais enxuta e buscar a rentabilidade onde há oportunidades”, disse Alfonso, lembrando que isso faz parte “de um modo de pensar das empresas orientais”.
Para serem rentáveis algumas montadoras têm alegado necessários ajustes das fábricas à atual demanda, cortando custos e processando reconfiguração das ofertas de acordo com o que tem sido bem requisitado pelo mercado, a exemplo do que acontece no segmento SUV. Mesmo que não venha a ser líder ao menos a Caoa Chery, nesse sentido, demonstra planejamento coerente com aquele pretendido pelas demais.
Ainda que possa tirar proveito de certas vantagens para aumentar seu market share a montadora também tem lá as suas preocupações e encrencas. No caso da Caoa Chery elas passam, naturalmente por ter sido uma das últimas a chegar aqui, pela aceitação do seu portfólio no mercado e pela credibilidade do pós-venda.
“Este é um trabalho diário da nossa parte, o de mostrar que os nossos veículos não devem em nada aos modelos concorrentes. Há investimento pesado em marketing e os números de vendas que temos mostram que vamos bem com o que temos.”
Até o fim do ano a companhia espera ter rede de concessionários formada por 140 pontos de venda – são 110 no momento: “Hoje é um objetivo considerado possível. Apesar da situação do mercado estamos conversando com novos grupos”.
Alfonso contou que a operação da companhia está atualmente na fase 2 do seu planejamento dividido em três etapas. O primeiro versa sobre a consolidação do negócio, que envolve os lançamentos e a construção da rede. O segundo trata do tema inovação e engloba modernização da manufatura e dos processos logísticos. O terceiro seria o desenvolvimento de novos projetos.
Mas mesmo que a empresa confirme a manutenção do cronograma desenhado para a operação brasileira e que o seu porte tenha aderência com as pretensões da indústria em termos de produção, a Caoa Chery não passou ilesa pela pandemia: seguem os olhares atentos à reação do mercado para que seja mantida, ou não, parte do quadro de Jacareí considerado excedente frente à demanda.
O índice de nacionalização de componentes, baixo na comparação com montadoras com cadeia de fornecedores mais desenvolvida, em tese deveria expor a operação da empresa aos malefícios da valorização do dólar ante o real. No entanto, disse Alfonso, este ponto especificamente é visto como algo menos preocupante do que a possível retomada do mercado interno:
“Nacionalizamos muitos componentes e nossa ideia é que o índice aumente cada vez mais. Por outro lado nossos fornecedores na China têm escala suficiente para que o preço dos componentes importados ainda se mantenham competitivos mesmo com o dólar alto”.
De janeiro a junho, indica balanço da Fenabrave, foram emplacados no País 7,3 mil veículos Caoa Chery, volume que lhe garantiu fatia de 1% do mercado de automóveis e comerciais leves, uma fatia menor, portanto, com relação à obtida no quadrimestre. O seu modelo mais vendido é o Tiggo 5X: 3,9 mil unidades no semestre.
Foto: Divulgação.