São Paulo – Os efeitos da pandemia da covid-19 na economia global só deverão ser deixados para trás a partir de 2022, estima relatório do BNP Paribas. Até lá o caminho percorrido será o de recuperação das perdas dos primeiros dois semestres de 2020, com velocidades diferentes a depender de cada país.
“A atividade econômica global do quarto trimestre do ano passado só será alcançada em 2022”, disse Gustavo Arruda, economista chefe da instituição no Brasil. “Não podemos nos impressionar com a forte retomada que deverá ser registrada no terceiro trimestre, porque a base de comparação é baixa. A tendência, depois, é de acomodação, com crescimentos mais modestos.”
Para o BNP Paribas alguns países, como Alemanha e Estados Unidos, terão retomada mais acelerada e sairão antes da crise. Os emergentes, como o Brasil, deverão sofrer mais por causa das restrições orçamentárias.
“O Brasil precisa enfrentar a tentação de aumentar o gasto público em 2021. Vamos deixar 2020 com o endividamento sobre o PIB de 25 a 30 pontos porcentuais acima da média mundial, então a política aplicada deverá ser a de austeridade fiscal. O governo deve devolver o protagonismo à agenda de reformas, concessões e privatizações.”
A previsão do BMP Paribas é de queda de 7% no PIB em 2020, seguida de crescimento de 4% em 2021: “Se cair menos cresce um pouco menos depois”.
O banco projeta que após as quedas de 1,5% do PIB no primeiro trimestre, e a estimada de 14% no segundo trimestre, o terceiro trimestre terá um crescimento de 9% e o último de 2,2%. As taxas trimestrais em 2021 serão mais tímidas: avanços de 1,1%, 0,5%, 0,5% e 0,5%, respectivamente.
Arruda também disse que existe uma tendência de desvalorização do dólar frente a diversas moedas. Segundo ele é possível fechar o ano com a moeda estadunidense cotada abaixo de R$ 5.
Ele acrescentou que não há espaço para movimentos bruscos na taxa Selic: com a inflação controlada a tendência é a sua manutenção na casa dos 2% ao ano pelo menos até o fim de 2021.
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