São Paulo — O setor de autopeças deverá viver um 2021 com oportunidades expressivas no segmento da reposição, leve alta no volume para as OEMs e retomada nas exportações. Este foi o quadro pintado por Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, no Congresso AutoData Perspectivas 2021, realizado em ambiente virtual pela AutoData Editora até a sexta-feira, 30.
"Trabalhamos com projeção de faturamento 21% maior no ano que vem, no qual a reposição aparece como principal pilar dos negócios, como já aconteceu em outros momentos de crise", disse o presidente. "A manutenção veicular ganhar força nesses momentos e favorece o nosso setor."
Caso registre, de fato, o aumento de 21% sobre o faturamento esperado para 2020 — US$ 21,3 bilhões, queda de 44% ante o resultado de 2019 — o setor de autopeças deverá faturar US$ 25,8 bilhões no ano que vem, indicam as projeções do Sindipeças considerando o dólar em patamar compreendido de R$ 5 e R$ 5,50, algo que, claro, depende de questões macro econômicas e políticas.
"Temos ainda um cenário bastante incerto pela frente nesse sentido. Existe a questão da covid-19 e de seus desdobramentos. Não sabemos onde e como terminará a sua ação na economia global e temos que conviver com isso."
Ainda que tenha sido apontado como vertical importante para os negócios do setor, a reposição deverá, segundo as projeções do Sindipeças, diminuir sua participação no faturamento de 2020 para 2021. Este ano o aftermarket deverá responder por 17% do faturamento projetado para o ano, enquanto que no ano que vem deverá cair para 15,7%. Ao passo que o faturamento fruto dos negócios com as montadoras deverá saltar de uma fatia de 63% para cerca de 66% do resultado.
Em termos produtivos o setor de autopeças encolheu a sua capacidade após período de paralisação das fábricas, medida que durou de março a maio. É esperada pelo Sindipeças uma redução de 10% da força de trabalho até dezembro, mesmo com as fabricantes de autopeças passando por forte pressão por produção até dezembro devido ao represamento de pedidos gerado durante a paralisação.
Até agosto, mostram os dados da entidade, o nível de capacidade esteve em 65,6%. algo muito próximo ao nível pré-pandemia, quando a capacidade estava ocupada em 68,6%. Para 2021, disse Dan Ioschpe, o setor deve recuperar a perda de vagas de trabalho esperada para dezembro, cerca de 2% de crescimento sobre a capacidade atual: "O crescimento se dará pela necessidade de ganho de produtividade para atender às demandas".
A produção total de veículos nas contas do Sindipeças deve fechar o ano 33% menor na comparação com a produção registrada em 2019, somando 1,9 milhão de veículos. Para 2021 é esperado crescimento de 21% sobre esta base. Em 2022, alta de 2%, 2023, 7,5% e, por fim, 4,7% de crescimento em 2024, somando 2,7 milhões de unidades. Ou seja: o setor só deverá voltar ao patamar de produção de veículos observado antes da pandemia em quatro anos.
Já no caso das exportações, ainda em termos de faturamento, as fabricantes de autopeças contam com uma queda de 22% no período de 2019 a 2020, efeito da crise argentina, e crescimento de 17% no período de 2020 a 2021, resultado, em parte, da valorização cambial que tem a capacidade de turbinar os números quando há conversão do dólar para o real.
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