São Paulo – A indústria ligou sinal de alerta vermelho com o novo avanço da pandemia da covid-19 do Brasil. Equipes de logística das fabricantes de veículos trabalham com maior intensidade para monitorar a situação dos municípios onde estão instalados seus fornecedores e, assim, antever possíveis paradas na produção por falta de peças. Embora ainda não existam casos de fábricas sem produzir por medidas de isolamento social é consenso de que o risco existe e, por isso, a atenção deve ser redobrada.
A Mercedes-Benz e a Volkswagen Caminhões e Ônibus criaram comitês internos que têm como objetivo debater diariamente as questões ligadas a atrasos no fornecimento de componentes, paralisações e rupturas na cadeia logística. Para Ricardo Alouche, vice-presidente de marketing, vendas e pós-vendas da VWCO, o momento é de muita atenção:
"Algum prefeito pode determinar o fechamento de toda a cidade para conter o avanço do vírus e, assim, paralisar a produção de um dos nossos fornecedores. Claro que as peças não acabam da noite para o dia, mas dependendo do tempo em que ficar parado o fornecedor os componentes podem faltar".
Na Mercedes-Benz o trabalho é quase em just in time, segundo seu vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus Roberto Leoncini: "Se houver alguma ruptura no fornecimento ou na logística nossas linhas receberão esse impacto. Por isso o acompanhamento de toda a cadeia está sendo realizado mais de perto no momento".
Caso ocorra falta de componentes a ordem é reorganizar a produção e colocar na linha modelos que possam ser montados sem a peça faltante, caso seja possível.
As duas empresas mantêm conversas frequentes com a Anfavea e Sindipeças em busca de informações. Os dois executivos consideram que possíveis paralisações de fábricas em cidades do Estado de São Paulo estão no radar.
O monitoramento de possíveis lockdowns é mais um desafio em uma indústria que desde o fim do ano passado convive com problemas de abastecimento. Aço, plástico, pneus e rodas são alguns itens que já foram ou ainda são considerados críticos, além dos semicondutores. A eles se juntam um novo caso de escassez: o tacógrafo digital. Segundo Alouche e Leoncini seu principal fabricante global está com problemas na cadeia de fornecimento e a falta já vem sendo sentida em toda a indústria.
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