São Paulo — O ano de 2020 trouxe muitas dificuldades à economia brasileira por causa da pandemia. Apesar da falta de crescimento do mercado interno, quando se analisa o impacto que o volume de exportações exerceu sobre a massa salarial, e nos empregos, do País fica mais evidente o quão essencial é o setor industrial e sua participação no Mercosul. A cada R$ 1 bilhão vendidos a países do bloco também composto por Argentina, Uruguai e Paraguai no ano passado foram gerados R$ 680 milhões em salários no Brasil e 32,5 mil empregos. O efeito só não é maior do que o causado pelas vendas aos Estados Unidos, com retorno de R$ 688 milhões em renda e 34,5 mil postos de trabalho.
Os dados compõem levantamento da CNI, Confederação Nacional da Indústria, e foram apresentados pelo gerente de políticas de integração internacional, Fabrizio Sardelli Panzini, durante o primeiro dia do 3º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado de forma online pela AutoData Editora.
Com relação aos impostos decorrentes do comércio exterior o Mercosul é o que exerce maior repercussão: R$ 363 milhões a cada R$ 1 bilhão exportados em 2020. Estados Unidos vêm na sequência, com R$ 339,5 milhões. Quanto à produção estimulada, ou seja, quanto se gera em cadeia no Brasil, o bloco e o país empatam com R$ 4,2 bilhões como reflexo da negociação.
Panzini contou que esse valor torna-se menor conforme a pauta de exportações ganha contornos primários: “Temos olhado esses impactos para dentro, e não apenas os valores exportados. É importante, inclusive, que o Mercosul volte a crescer para que o montante seja maior, e também a qualidade dessa integração. E, por essa ótica, o bloco é sempre o primeiro ou o segundo. Bem à frente da União Europeia e de países asiáticos”.
O estudo da CNI mostrou também a composição do comércio exterior no período de 2011 a 2020. De tudo o que o Brasil vendeu para o mundo 50% provêm da indústria, porcentual que quase dobra, para 90%, para o Mercosul. Para efeito de comparação à UE são 49% e, à China, 14%. Relação que se inverte quando analisada a importação: do total comprado de outros países 88% são itens industrializados, índice que vai a 98% quando se fala da UE, mesmo porcentual que da China. Provenientes do Mercosul são 80%.
Quanto ao número de produtos exportados 90% do embarcado ao Mercosul são compostos por 757 itens industrializados. Diversificação que cai para treze no caso da China. Na média, para o mundo, a pauta conta com 360 artigos. Já na importação são originários do bloco regional 219 itens, ante 1 mil 422 da China e 1 mil 968 vindos de outros países.
“A CNI está convicta dos benefícios de uma maior integração internacional do Brasil, mas com acordos e parceiros comerciais com os quais consigamos ter comércio industrial mais robusto. É por isto que a relação com o Mercosul, sua ampliação na América do Sul e o livre comércio com a UE e os Estados Unidos renderiam mais benefícios para o setor”.
Mais um dado que reforça o peso do Mercosul para a indústria brasileira é que é o primeiro, ou segundo, destino das exportações de sete estados, incluindo São Paulo e Pernambuco, onde a forte participação é puxada pela produção de bens do setor automotivo.
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