São Paulo — A despeito das dificuldades econômicas da Argentina, país marcado por inflações astronômicas, atualmente em 50% ao ano, com o dólar, balizador das ações de compra e venda, em torno de 100 pesos, além da perda de 9,4% do PIB ao longo de uma década – porcentual que cresce para 18,4% quando se trata do PIB per capita –, a Associação de Concessionários de Automotores da Argentina, Acara, lançou arrojado plano de retomada do mercado automotivo até 2030, quando projeta ter ampliado a frota nacional para 14 milhões de veículos.
As vendas de 0 KM, que em 2017 chegaram a 901 mil unidades, hoje se reduziram a praticamente um terço, com 383 mil exemplares, contou Marcelo Randazzo, diretor da Acara, durante o terceiro dia do 3º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado de forma online pela AutoData Editora. “Foram três anos estagnados. Em 2019 sofremos queda de 50% nos emplacamentos. Período que chamamos de pandemia econômica. Foi um desafio enorme. No ano seguinte esperávamos crescimento, mas veio a pandemia de covid. Estávamos com previsão de 250 mil unidades e conseguimos chegar a 342 mil com a reabertura dos estabelecimentos e o início da vacinação. Para este ano aguardamos alta de 15%.”
Para se ter uma ideia do impacto no mercado, em outubro o tíquete médio dos carros era de US$ 12 mil e, hoje, está em US$ 17 mil, incremento de mais de 60%. Diante da disparada dos preços e da valorização do dólar, o trabalhador argentino precisa desembolsar 33,3 salários mínimos, de 95 mil pesos, para se adquirir carro popular, enquanto que, em outubro, eram 22 e, no início de 2020, 19.
Segundo Randazzo, o grande desafio do setor é ampliar o mercado. Com frota de 10 milhões de automóveis e comerciais leves e 45 milhões de habitantes, a proporção é de um carro a cada quatro ou cinco pessoas. A idade média dos exemplares, que já foi de 8,7 anos em 2017, hoje é de 9,7 anos, patamar semelhante ao de 2011.
O objetivo é chegar em 2030 com 14 milhões de veículos, com índice de motorização de uma unidade a cada três habitantes. E, dessa forma, assumir posição de 19º maior mercado de vendas no mundo e conquistar o posto de maior produtor mundial de picapes.
“Trata-se de um plano para sustentabilidade e crescimento do setor. Reunimos diversos atores, como fabricantes, concessionárias, sindicatos, governo, cadeia de fornecedores para firmar um acordo”, contou o executivo. “Chegamos no fundo do poço e vimos que precisávamos trabalhar todos juntos para começar a reverter essa curva e voltar a ser o que fomos em algum momento. Tenho fé que conseguiremos.”
A produção, que chegou ao recorde de 845 mil unidades em 2011, e hoje está em 315 mil, é projetada em 1,8 milhão daqui a nove anos. Atualmente, com capacidade instalada de 1,3 milhão de unidades, a ociosidade chega a 75%. Quanto às vendas no mercado interno, que tiveram ápice em 2013, com 956 unidades, com a Agenda 2030 devem atingir 1,2 milhão de emplacamentos.
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