São Paulo – De olho em mercado potencial de 6 milhões de veículos e no avanço da eletrificação, ainda que heterogêneo, na região, fornecedores de componentes automotivos enxergam grande potencial de crescimento neste cenário, que passa pela descarbonização, principalmente a partir do ano que vem. O tema foi abordado em painel online durante o quarto dia do 3º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, pela AutoData Editora. Participaram do debate os presidentes da Bosch, Besaliel Botelho, da Iochpe-Maxion, Marcos de Oliveira, e da Pirelli, Cesar Alarcon.
Os executivos foram uníssonos ao dizer que os países latinos estão no caminho certo, porém, dependem de retomadas econômicas e estabilidade no campo político, o que atrasa a imersão na eletrificação em comparação aos Estados Unidos e Europa. E que essa transição passa pela adoção de medidas que visem a redução da emissão de CO².
“Nós precisamos, antes, falar de descarbonização. Sobre a introdução de tecnologias de descarbonização. O Brasil tem adotado solução de biomassa e conta com motor flex e o álcool, que são seu legado e devem ser levados para o mundo”, defendeu Botelho, da Bosch. Ele ponderou que “o mercado da América Latina sofre com voos de galinha, com ciclos de andar para frente e andar para trás, o que impacta também o poder de compra da população e a consequente adoção de novas tecnologias”, mas se diz otimista para 2022.
Oliveira citou que 75% das vendas da Iochpe-Maxion são fora do Brasil, o que permite à companhia participar da corrida pelos elétricos, pois já produz rodas e componentes estruturais voltados a essa tecnologia. E concordou que no Brasil a dinâmica é um pouco diferente: “A presença dos motores de combustão e do etanol, e o fato de termos essa matriz energética um pouco diferente, faz as pessoas repensarem qual é a velocidade de implementação de elétricos no País. Mas acredito que as montadoras eletrifiquem toda a sua frota partir de 2030 a 2035, quando a quantidade disponível de motores à combustão será menor.”
A favor desse caminho a ser percorrido, porém, as empresas do setor têm a alocação de volumes em diferentes países para ter escala, a exemplo de Brasil e Argentina, o que proporciona eficiência operacional tanto das montadoras como das fornecedoras.
É o caso da Pirelli. A partir de 2025, 65% do portfólio da pneumática será para veículos elétricos, o que se deve também ao fato de exportarem a mercados que já estão inseridos na tecnologia, como os Estados Unidos. “Tecnologia essa que requer particularidades, como suportar uma carga muito superior, pelo fato de o elétrico ser veículo mais pesado, e em que a resistência ao rolamento seja mais baixa, sempre no âmbito de reduzir as emissões, e exige também mais grip porque eles têm poder de aceleração mais violento. Temos aqui uma revolução tecnológica que eu enxergo como grande oportunidade para valorizar os componentes que vão participar dos novos veículos.”
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