São Paulo – A crise dos semicondutores ajudou a impulsionar os negócios da Bosch, que tem 59% de seu faturamento oriundo do segmento de mobilidade, onde está a reposição de peças. Diante do problema mundial de abastecimento de chips causado pela pandemia do novo coronavírus cresceu o interesse dos brasileiros por veículos seminovos e usados, mercado que deverá expandir 25% e atingir 11 milhões de unidades neste ano, conforme previsão da Fenauto. Diante deste contexto a sistemista prevê crescer 12% no aftermarket em 2021.
No ano passado, mesmo em meio à maior intensidade da crise, quando o isolamento social era mais rigoroso, a Bosch ampliou sua receita no ramo de reposição de peças em 8%.
“Diante da falta de matéria-prima, problemas com contêineres e consequente redução na produção de veículos novos e venda de 0 KM, houve um gargalo na indústria automotiva e gerou maior demanda ao mercado de reposição”, contextualizou Delfim Calixto, vice-presidente da divisão de reposição automotiva da Bosch América Latina. “Tivemos grande volume na linha pesada, principalmente caminhões e, diante da redução da disponibilidade e do uso de transporte público, quem tinha carro passou a usá-lo mais, o que gerou mais manutenção. O mercado está com muitas oportunidades, demanda alta e não para estoque.”
Segundo Calixto, diante do lockdown de até cinco meses em países como Chile e Peru, a expectativa é expandir o faturamento da companhia na região em 27% neste ano, na comparação com 2020.
Quanto ao avanço da eletrificação no mundo o executivo estimou que até 2030 o impacto no parque veículos do País será pequeno, mas contou que a empresa já está se adaptando à transformação. “Não vamos mais vender vela de ignição, mas, por outro lado, vamos vender mais baterias. E vamos continuar vendendo pastilhas.”
Expansão – A Bosch investirá cerca de R$ 40 milhões até 2028 para atender a rede Bosch Service. Esses investimentos estão ligados a qualificação, campanhas da marca, ações no trade marketing, qualificação da rede, expansão e treinamento das equipes do trade. O aporte também inclui adaptação para atender o segmento de elétricos, que requer uso específico de EPI, já que o risco de choque é maior, por exemplo, o layout da oficina é alterado, e exige conhecimento específico. Embora ainda incipiente, é movimento que começa a ganhar corpo, começando pelo Estado de São Paulo.
A ideia é, nesse período, chegar a 1,8 mil oficinas na América Latina. Hoje são 1 mil 430 unidades no País, sendo 950 Bosch Car Service, 390 Bosch Truck Service e Diesel Center e 97 Bosch Centro de Direções, essa última especializada em sistemas de direção para veículos pesados. O gerente da rede de oficinas Bosch Service, André Astini, explica que o investimento em uma unidade, se construída do zero, pode chegar a R$ 700 mil, porém, se já existir e apenas sofrer adaptação, o custo pode girar em torno de R$ 20 mil.
Astini contou que empresa lançou, recentemente, o Bosch Car Service Express, para a troca de filtro, pastilha e bateria, por exemplo. “O plano é lançar vinte oficinas no formato express até o fim do ano. Até o momento, já temos contrato com cinco.”
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