São Paulo – O clima esperado pelo mercado de concessionárias de veículos pesados para 2022 lembra os versos de um dos sucessos da banda de rock mineira Pato Fu: “Tá em falta, tem, mas acabou”.
Faltam caminhões nas revendedoras, sobra demanda. Segundo Joel Alberto Beckenkamp, presidente da Assobens, Associação Brasileira de Concessionários Mercedes-Benz, e Guilherme Avellar, presidente da ACAV, Associação Brasileira dos Concessionários Volkswagen Caminhões e Ônibus, há boa procura para veículos pesados agora e haverá no ano que vem, mas o ritmo de produção das montadoras não supre a demanda atual e deve comprometer as vendas em 2022. Eles participaram, na quarta-feira, 20, de painel que discutiu os problemas e as soluções para o setor durante o Congresso AutoData Perspectivas 2022.
“2022 será marcado pela velocidade de produção e não de aquisição. Temos de dizer alguns nãos, o que não é bacana, não. Os fornecedores não conseguem entregar”, afirmou Beckenkamp. Para Avelar “quem ditará o ritmo dos negócios é a produção. Os estoques das redes e das fábricas estão baixos”.
Ambos concordaram que o ritmo de vendas só não foi maior em 2021 por causa dos gargalos na produção. Beckenkamp observou que “temos a falta de semicondutores, de pneus e ainda a questão logística. Não há contêiner para despachar mercadorias”. Eles esperam uma maior procura por caminhões no ano que vem, como lembrou o presidente da Assobens: “O mercado agrícola está pujante, com recordes de safra. Isso traz impactos positivos sobre a procura por veículos pesados”.
Com relação aos ônibus também existe a expectativa de aumento de procura por novos veículos, mas não muito grande. Avelar recordou que “o mercado de ônibus urbanos sofreu muito durante a pandemia. Agora, é natural que haja procura por renovação de frota, ela é necessária”. Para Beckenkamp “o frotista urbano tem contratos para cumprir. A gente deve ter um retorno às compras de alguma reposição, mas não um grande aquecimento”.
Quanto aos preços dos veículos o presidente da Assobens acredita que as pressões do mercado devem gerar algum tipo de aumento, pois os gargalos de produção e a falta de componentes apertam demais a indústria. "Não é o fabricante ou a concessionária que estão aumentando suas margens”.
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