São Paulo – Na segunda-feira, 6, retornaram do lay off 970 dos 1,8 mil trabalhadores da Stellantis em Betim, MG, que tiveram seus contratos temporariamente suspensos no começo de outubro. A decisão foi tomada após o CEO Antonio Filosa perceber sinais de otimismo com relação à indústria em 2022, especialmente na questão dos semicondutores, componente que emperrou a produção global de veículos: só no Brasil a Anfavea calcula que deixaram de ser produzidas 300 mil unidades pela falta do produto.
Ele justifica sua decisão: os fornecedores dos chips estão ampliando sua capacidade, o que colocará mais componentes no mercado em alguns meses. E as próprias fabricantes de veículos estão se movimentando para produzir seus próprios semicondutores: esta semana a Stellantis fechou parceria com a Foxconn para desenvolver produtos que lhe atendam e para reduzir sua dependência de outros fornecedores.
“A situação não será resolvida no ano que vem. Mas o desempenho vai melhorar”, afirmou Filosa em encontro virtual com jornalistas na sexta-feira, 10. “Mais da metade dos trabalhadores afastados voltou às linhas porque nosso potencial de produção aumentou. E os demais deverão retornar no decorrer do ano.”
Filosa disse que a Stellantis sofreu menos com a situação do que suas concorrentes porque conseguiu manobrar melhor a indisponibilidade dos chips. Suas marcas Citroën, Chrysler, Dodge, Fiat, Peugeot e RAM conquistaram mais de 30% de participação no mercado brasileiro este ano e a sua intenção é manter o crescimento no ano que vem, quando espera vendas na casa dos 2,4 milhões de unidades.
O otimismo é, mais uma vez, justificado: 2022 será ano cheio de vendas de lançamentos importantes como o Fiat Pulse e o Jeep Commander, que ganharão, durante o ano, a companhia do Novo Citroën C3 e do segundo SUV Fiat produzido em Betim: “Plantamos a semente em 2021 e colheremos em 2022, quando teremos ainda mais novidades. Estamos nos preparando para mais um ano de crescimento”.
O primeiro ano de operações combinadas das ex-FCA e PSA foi de muito trabalho para encontrar sinergias. Segundo FIlosa foram quase trezentos projetos tocados na região, e alguns não foram para frente. Um dos pontos de sucesso foi os motores, de acordo com o executivo, que acredita que conseguirá ampliar exportações de Betim e Campo Largo, PR, para a Europa para equipar modelos Peugeot e Citroën com os motores originalmente Fiat.
Em Goiana, PE, segue a preocupação com a atração de fornecedores, necessária para compensar as ineficiências logísticas de se produzir tão longe do centro da indústria automobilística nacional, concentrada na Região Sudeste. A intenção é ter ao menos sessenta fornecedores em Pernambuco – hoje são pouco mais de quarenta.
Filosa deu também sinais de para onde a Stellantis caminhará na eletrificação no Brasil, por enquanto restrita a modelos importados. Segundo ele haverá um período de oito a dez anos no qual será preciso adotar soluções com o etanol, até que os preços dos elétricos fiquem mais próximos à realidade da população. Deixou claro que a companhia terá seu híbrido flex, mas não disse quando, embora tenha deixado uma pista: “Não precisaremos esperar tanto assim”.
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