São Paulo – O mercado de veículos 0 KM, no Chile, apresentou bons resultados durante o primeiro semestre, apesar de não estar isento de problemas que afetam o setor globalmente, como a escassez de componentes, principalmente chips. Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves totalizaram 226,9 mil unidades e apresentaram alta de 24,6% ante o mesmo período do ano passado, o que fez com que o resultado superasse as vendas de 2007 inteiro. E a explicação está na crescente participação de montadoras chinesas no mercado chileno.
Das 37 marcas hoje presentes no país, conhecido por ser aberto e inovador, 24 são chinesas. O fato de essas montadoras ofertarem veículos com tecnologia de ponta e a preços competitivos faz com que o consumidor opte cada vez mais por elas, tanto que um terço das vendas é de origem chinesa.
Foi o que afirmou Martín Bresciani, presidente da Cavem, Câmara de Comércio Automotiva do Chile, durante o segundo dia do 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, realizado pela AutoData Editora, de forma online, até a sexta-feira, 19.
Significa que dos 226,9 mil licenciamentos 33,9%, ou 77,1 mil, são de marcas chinesas, sendo a Chery a que mais emplacou, com 15,3 mil unidades, o que a colocou em terceiro lugar no ranking geral, atrás apenas de Chevrolet, 20,2 mil, e Toyota, 16,3 mil. Na sequência estão as chinesas MG, com 11 mil veículos, e em sexto lugar na listagem total a Changan, com 9,8 mil unidades.
“O Tiggo, da Chery, é um sucesso no nosso mercado. E outras marcas desconhecidas em outros países latinos aqui no Chile são muito procuradas. A Maxus, por exemplo, quarta no ranking das montadoras chinesas, tem a caminhonete mais vendida no País. A Changan faz a picape [Landtrek] da Peugeot. O cliente foi perdendo a desconfiança e o preconceito nos últimos cinco anos. Da mesma forma como aprendeu a confiar nas marcas coreanas e japonesas e entendeu que não só Estados Unidos e Europa produzem veículos de qualidade.”
A primeira fabricante chinesa que aportou no país foi a Great Wall Motors, em 2007. E cresceu tanto que a Haval, que no Brasil aparece como um modelo de carro, no Chile é uma marca separada no ranking dos emplacamentos.
Bresciani complementou que tratados de livre comércio do Chile com outros países favorecem a diversidade de marcas no mercado local, pelo fato de contarem com imposto menor ou até zerado.
“Esperamos mercado de 400 mil unidades este ano. Essa é a nossa meta. Temos demanda reprimida, principalmente por picapes, vans e furgões, que são utilizados também para o transporte de mercadorias e contam com benefício fiscal quando adquiridos por empresas, ainda que de pequeno porte.”
Quanto à participação brasileira no mercado chileno o dirigente citou que a Fiat possui participação, assim como a Ford tinha enquanto mantinha fábricas no Brasil: “O Ka e a EcoSport eram muito vendidos no país. Os veículos brasileiros são muito prestigiados, mas chegam em menor volume pelo custo. E cliente chileno é fiel ao menor preço”.
Venda de usados caiu — Diferentemente do que sucedeu em outros países os anos de pandemia favoreceram a entrada de recursos no país, o que fez com que o apetite por veículos novos crescesse. Porém, frente à falta de estoque 0 KM, houve migração para os usados.
O movimento levou a vendas recordes de 122,8 mil automóveis e comerciais leves no primeiro semestre de 2021, volume que recuou em 32,7% de janeiro a junho deste ano, totalizando 82,6 mil unidades. Ainda assim eles responderam por 74,6% das vendas gerais, o que significou que a cada veículo novo comercializado 2,5 usados eram vendidos:
“Nunca vimos essa proporção antes. Mas esse comportamento todo se deveu à falta de novos, pois o Chile possui restrições ambientais a usados anteriores a 2012”.