São Paulo – A Nissan ampliou suas vendas na América Latina em 29% durante o ano passado, totalizando 412 mil veículos, equivalente a um terço do que comercializa em toda a América. Deste volume, 90% é produzido na própria região: das 717 mil unidades fabricadas nas suas cinco fábricas a maior parte, ou mais de 600 mil unidades, são provenientes do México, 80 mil saíram da linha brasileira e 10 mil da Argentina.
“Por isto é importante o Mover [Programa Mobilidade Verde e Inovação], para trazer novas tecnologias para serem produzidas no Brasil e para que possamos nos tornar mais competitivos”, afirmou Guy Rodríguez, presidente da Nissan para a América Latina e vice-presidente corporativo global, durante o 6º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData de 19 a 23 de agosto.
A diferença das fábricas mexicana e a brasileira está, principalmente, na competitividade de cada uma delas, analisou Rodríguez. A unidade mais antiga do México e primeira fora do Japão, existe há seis décadas. A Nissan lidera as vendas do mercado local há dezesseis anos e exporta para 88 países.
A de Resende, RJ, acabou de completar seus primeiros dez anos de operação e prepara-se para comercializar um SUV inédito para mais de vinte países, sendo que hoje o Kicks é exportado apenas para Paraguai e Argentina – que, por sua vez, desde 2018 produz a picape Frontier e a comercializa para três países.
“É comum nos perguntarmos: por que o México exporta tanto? Porque é muito eficiente do ponto de vista de custo logístico, o que é fundamental. Assim como ter as tecnologias no país de onde se fabrica e se exporta. No caso do Brasil talvez nós precisemos disso para que ele se torne mais competitivo”, Rodríguez lembrou. “Se trazemos tecnologia eletrônica de fora, quanto mais importamos, mais custo logístico teremos.”
O presidente latino-americano da Nissan garantiu que é necessário haver um trabalho conjunto que envolva parceria dos fornecedores e investimento das montadoras para que foquem em desenhar veículos para os mercados em que os vendem e medidas do governo a fim de diminuir o custo país: “Não conquistamos 88 mercados desde o México em cinco anos. E à medida que exportarmos mais, mais incentivos teremos”.
Ele acredita na importância de ampliar a localização a fim de se proteger da alta volatilidade que vez ou outra bate à porta dos países da região. Na próxima semana a Nissan realizará convenção com fornecedores da América do Sul, que reunirá mais de sessenta companhias do Brasil e da Argentina, a fim de que seja apresentado o plano estratégico da empresa para os próximos anos.
“O novo Kicks terá um índice de nacionalização bem maior que o modelo comercializado hoje, fabricado em Resende desde 2017. E isso não é só vontade. É resultado de trabalho conjunto, porque temos demonstrado com os fornecedores que sabemos fabricar com qualidade.”
O executivo reforçou que o grande desafio não está nas peças tradicionais, mas na qualidade de tecnologia adicional que os veículos de hoje têm: “É onde podemos crescer, pois essas tecnologias precisam de escala maior. Não precisa entrar somente o volume de uma montadora. São discussões que teremos na próxima semana. O objetivo é que trabalhemos juntos para poder crescer”.
A Nissan prepara nove novos modelos para a América Latina até 2026. No Brasil serão fabricados dois deles, o SUV inédito e o novo Kicks, que foi mostrado nos Estados Unidos, mas ainda não começou a ser vendido. Até o fim do ano ele chegará no México e começará a ser produzido em Resende em 2025.