São Paulo – Onze meses após sua publicação, no apagar das luzes de 2023, o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, poderá, enfim, ter sua regulamentação publicada. A promessa foi feita pelo vice-presidente da República e ministro do MDIC, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, na abertura da Fenatran, na segunda-feira, 4.
“Ele disse que será publicada nos próximos dias”, afirmou Lima Leite em coletiva à imprensa na quarta-feira, 6. “A informação que nos foi passada é que o texto já está sendo analisado pela Receita Federal.”
A demora na publicação da regulamentação já incomoda as montadoras, especialmente pelas cobranças das matrizes que aprovaram investimentos com a promessa de segurança jurídica e regras definidas. São mais de R$ 130 bilhões, segundo a Anfavea, de investimentos gerados a partir do Mover.
Temas como o IPI verde, que trará o horizonte tributário dos próximos anos, são de fundamental importância para o planejamento de desenvolvimento das companhias, que precisam, também, conhecer as regras de eficiência energética para definir seus próximos passos. Lima Leite disse que a publicação é algo “emergencial”, fazendo coro à pressão ao governo para que acelere os trâmites.
Taxa de juros, Trump e sucessão
O presidente da Anfavea afirmou que a tendência de elevação na taxa básica de juros, movimento iniciado pelo Banco Central, não afeta a indústria no curto prazo, mas acende sinal amarelo no médio prazo: “Sabemos que juro alto não combina com venda de veículos. Nos números de 2024 não vejo influência, mas certamente será levado em conta na hora de analisar as projeções para o ano que vem”.
Ele também falou sobre os possíveis efeitos da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, algo que, na sua visão, aumentará o protecionismo da indústria estadunidense: “Especialmente contra os chineses já existe uma tarifa de mais de 100%. O Trump não é novidade, já esteve na Casa Branca e tem essa característica protecionista, o que poderá levantar mais barreiras contra a importação no mercado local. Nossa postura agora é de analisar e esperar”.
Outro tema abordado pelo presidente da Anfavea foi a de sua sucessão: nos próximos dias a KPMG, consultoria contratada para auxiliar no processo de profissionalização da presidência da entidade, deverá apresentar sua proposta para a transição. Lima Leite reafirmou que é consenso das associadas a contratação de profissional do mercado, sem ligação com montadoras, para assumir seu posto, mas ainda não há nomes no horizonte.