Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing de ônibus, participou do Congresso AutoData Perspectivas 2025
São Paulo – Esperava-se que 3 mil ônibus elétricos estivessem em circulação em São Paulo até o ano que vem. Mas até o momento foram vendidos em torno de seiscentos em todo o País, dos quais duzentos trólebus. Dos quatrocentos a bateria trezentos estão na Capital paulista e os cem restantes distribuídos pelo Brasil – ou seja, apenas 10% do total programado.
Destes trezentos ônibus elétricos a metade é Mercedes-Benz, de acordo com o vice-presidente de vendas e marketing de ônibus da montadora, Walter Barbosa. E, até o fim do ano, outros noventa deverão ser entregues, somando 240. Diante do cenário, dificultado pela precária infraestrutura nas garagens, ele propôs, durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025, realizado em São Paulo, que sejam revistas as regras para a compra dos veículos na Capital paulista.
“Isto será rediscutido e um novo plano deverá ser ajustado. O diesel provavelmente voltará a São Paulo, uma vez que a cidade precisa de algo em torno de 1,5 mil novos carros em 2025. A solução para descarbonizar não será exclusivamente elétrica, ao menos não por enquanto”, avaliou, ao complementar que há aumento progressivo do porcentual de biocombustível na mistura do diesel, hoje em 14% e, no ano que vem em 15%, e que há opções como o diesel verde na busca pelo lançamento de menos poluentes.
Barbosa disse que não é possível acelerar a renovação da frota em dois anos: “Acontecerá mas não no tempo inicialmente previsto. São Paulo discute lei em que até 2027 haverá a redução de 50% das emissões de CO2 e, até 2037, 100%. Talvez esta meta seja alcançada apenas em 2040, quiçá 2050. A lei existe, mas precisa passar por alguns ajustes”.
Algumas operadoras de ônibus de São Paulo estão conseguindo migrar sua rede elétrica de baixa para média tensão, tem havido avanço gradativo nos grandes centros, porém essa melhora é suficiente para prover a recarga de dez a quinze ônibus na garagem. Para dar conta de volumes maiores, acima de cinquenta ônibus, somente a alta tensão é capaz de resolver.
O vice-presidente da Mercedes-Benz reiterou que não há nada oficial quanto à volta do diesel, ainda não foi autorizado e está prevista apenas a aquisição de novos ônibus elétricos. Porém, a partir de janeiro, ele crê que o diesel deva ser liberado e, os volumes, revistos. O executivo vislumbra que no ano que vem deva haver a compra de cerca de seiscentas unidades a bateria, sendo quinhentas de sua empresa, que, inclusive, já estão encomendadas.
“Cidades como Curitiba, Goiânia, Salvador e Vitória estão promovendo a inserção de veículos elétricos para o transporte de passageiros. Porém possuem planejamento mais conservador, com uma média de cinco ônibus a bateria nas garagens. E São Paulo talvez dê um passo atrás até que, no futuro, em condições adequadas, o produto chegue a 100% da frota.”
Quanto a exportações do modelo Barbosa contou que, embora não haja, por ora, venda expressiva, existem veículos em demonstração no México, Argentina e Chile.
Setor de ônibus tem projeção de manter crescimento em 2025
O executivo lembrou que este ano tem sido muito positivo para o setor de ônibus como um todo, em todos os segmentos, sendo que quase a metade do mercado, 45%, referem-se a urbanos. No total, até outubro, houve crescimento de 6%, para 18,2 mil unidades comercializadas.
A projeção é a de que encerre o ano com 21,5 mil emplacamentos, acima, portanto, dos 20,2 mil de 2023, o que está sendo ajudado por incentivos públicos de financiamento. Para 2025 a expectativa é que alcance 24 mil vendas.
Ônibus de fretamento têm puxado esse movimento, com 1 mil 950 unidades comercializadas até o décimo mês de 2024, e 50% acima do ano passado. Até o fim do ano a projeção é de 2,3 mil unidades, alta de 35%: “Todos os segmentos seguirão crescendo no ano que vem”.
E mesmo com o fato de a empresa ter ficado de fora do Caminho da Escola, como o governo licitou, até o momento, volume menor que o esperado, que pode chegar 16 mil, mas deverá alcançar, no máximo 80%, Barbosa disse que isso pode ser revertido de forma positiva para a marca pois deverá sobrar orçamento para reforçar a compra de outros produtos.