São Paulo – Desde que entraram em vigor no sábado, 5, os aumentos nas tarifas de importação impostos pela administração Donald Trump vêm desencadeando ações em série que chegaram a afetar a operação de montadoras nos Estados Unidos. A Stellantis suspendeu temporariamente os contratos de trabalho de 1 mil trabalhadores em cinco unidades de Michigan e Indiana, reflexo da interrupção da produção em algumas fábricas do Canadá e do México.
Segundo reportagem da Automotive News a unidade da Stellantis em Windsor, Ontário, onde são fabricadas as minivans Chrysler Pacifica e Voyager e o Dodge Charger Daytona elétrico, suspendeu sua operação por duas semanas, a partir da segunda-feira, 7. Em Toluca, México, de onde saem o Jeep Compass e o novo Jeep Wagoneer S elétrico, a produção ficará parada até o fim do mês.
A Audi está retendo todos os veículos produzidos no México e no Exterior, que seriam entregues aos portos dos Estados Unidos desde 2 de abril, enquanto a Volkswagen interrompeu os embarques ferroviários de carros mexicanos, como o Jetta, o Taos e o Tiguan. A Jaguar Land Rover também informou que suspenderá, temporariamente, o envio de veículos aos Estados Unidos ao longo deste mês, enquanto avalia os novos termos comerciais.
Mas há montadoras com planos de impulsionar a produção em fábricas estadunidenses. Caso da Nissan, que atravessa crise e havia planejado encerrar um turno em uma fábrica no Tennessee mas reverteu sua decisão por causa das tarifas, com o objetivo de manter o fornecimento do Rogue fluindo.
A Mercedes-Benz está avaliando a possibilidade de transferir a produção de outro modelo para sua unidade em Tuscaloosa, Alabama. E a General Motors, por sua vez, está aumentando a produção das picapes Chevrolet Silverado e GMC Sierra um uma fábrica de Indiana.
Para o presidente do UAW, sindicato dos metalúrgicos local, Shawn Fain, as tarifas aumentarão rapidamente a produção industrial dos Estados Unidos em fábricas que têm capacidade a ser ocupada. Dados da GlobalData apontam que no ano passado as montadoras, na média, utilizaram 70% da capacidade.
Brasil acompanha a situação
O Brasil, de acordo com a Anfavea, não exporta veículos aos Estados Unidos. Quando o assunto são as autopeças, porém, o país é o segundo maior cliente das fábricas brasileiras, tendo comprado, no ano passado, total de US$ 1,4 bilhão, respondendo por 17,5% das exportações.
Ainda está sendo avaliado o impacto, uma vez que a taxa de 25% adicional ao imposto vigente para itens como motores, transmissões, sistemas elétricos e componentes eletrônicos automotivos começará a valer a partir de 3 de maio e, segundo empresas consultadas pela Agência AutoData, é vista oportunidade de incrementar os negócios uma vez que seus concorrentes estão sendo taxados com porcentual maior.
Para o restante dos produtos made in Brazil a tarifa adicional é de 10% e começou a valer no sábado, 5. Mas, para países como a China, é de 34%. Com a ameaça chinesa de impor a mesma taxa aos Estados Unidos, Trump declarou que, se não houver desistência desta ideia até terça-feira, 8, a partir da quarta-feira, 9, o porcentual subirá 50%.