São Paulo – Julho será o primeiro mês em que o mercado brasileiro mostrará efetivamente qual é o atual patamar de vendas pós-pandemia. A opinião é do presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes: “O efeito do represamento de emplacamentos dos meses anteriores observado em junho deve deixar de existir ou ser muito menor em julho, o que nos dará uma referência mais concreta”.
De acordo com o dirigente a média diária em julho, contando até a sexta-feira, 3, está na faixa de 5 mil a 6 mil unidades: “É difícil falar em projeções agora, mas fazemos uma avaliação dia-a-dia. Acredito que o patamar fique um pouco acima disso, mas é cedo demais para soltar rojões”.
Esse volume não tira a pressão sobre os empregos, considerou Moraes. Para ele o momento mais crítico ocorrerá em outubro e novembro, quando terminam os acordos feitos com os sindicatos: “Há, sim, neste momento, um risco para os empregos”.
Ainda no que diz respeito ao quadro pós-pandemia Moraes confirmou que a Anfavea discute, ainda apenas internamente, propostas para adiar a entrada em vigor de marcos regulatórios como os cronogramas do Rota 2030 e das normas ambientais como o Proconve:
“Essa discussão terá que ser enfrentada, até porque a pandemia atrasou o processo de testes, os laboratoriais e os de rodagem. Defendemos os marcos regulatórios mas eles requerem investimentos altíssimos e a queda abrupta de receita afeta a capacidade das empresas, que não podem contar com recursos das matrizes. Vamos apresentar uma proposta, procurar uma saída. Não queremos deixar de fazer, mas sim fazer em um tempo diferente”.
Quanto ao possível uso de créditos tributários da indústria para fins tais como uso em garantia de empréstimos bancários ou outra forma de monetização Moraes, que no mês passado acreditava ser este um processo fácil que levaria poucos dias para ser colocado em prática pelas esferas governamentais, desta feita o considerou “difícil”, além de confirmar possibilidade de ser necessária eventual aprovação pelo Congresso Nacional “dependendo de como for o mecanismo”, pois envolveria alteração em lei que rege o tema.
Mas insistiu que “é uma proposta legítima” e considerou que a forma atual – na qual a liberação dos créditos, na prática, depende apenas da boa vontade de órgãos federais e estaduais – configura cenário em que “o setor privado está financiando o setor público”.
Moraes revelou ainda que no momento a indústria tenta exclusivamente acertar a pendência dos créditos relativos ao governo federal, de R$ 15 bilhões, deixando os outros R$ 10 bilhões relativos aos estados para uma segunda etapa.
E, para concluir, o presidente da Anfavea também reconheceu que há, conforme relatado pela Fenabrave, alguns casos de atraso de entrega de veículos no segmento de caminhões. Considerou, entretanto, tratar-se de processo de adequação da produção à demanda e garantiu que a oferta “rapidamente vai se ajustar”, pois “a indústria não vai perder nenhuma venda”.
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