São Paulo – Os dados de setembro indicam acomodação da produção brasileira de veículos ao atual nível de vendas do mercado doméstico. Saíram das linhas de montagem 220,2 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, volume bem próximo às 207,7 mil unidades licenciadas no mês. Essa deverá ser a toada dos próximos meses, segundo analisou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, durante a divulgação dos resultados na quarta-feira, 7. A intenção é não elevar muito o nível de estoque, que está baixo se comparado aos registros históricos:
“No começo do ano a indústria rodava em um ritmo de 3 milhões de unidades e fecharemos próximos a 2 milhões. Como as exportações também estão com dificuldades podemos ver a produção caminhando para o ritmo do mercado doméstico, sem criar grandes estoques, porque capital de giro é uma questão importante para a indústria”.
Moraes observou que os estoques elevados durante a pandemia, de veículos e de peças importadas compradas antes das paradas das fábricas, provocaram aumento de custos e dificuldades no fluxo de caixa na indústria, que agora observa no volume de setembro um novo patamar. A produção foi 4,4% superior à de agosto mas 11% abaixo da registrada em setembro de 2019.
No acumulado do ano saíram das fábricas 1 milhão 330 mil veículos, queda de 41,1% com relação a janeiro-setembro de 2019.
Desde o início da pandemia as empresas fabricantes de veículos e de máquinas agrícolas e rodoviárias cortaram 4 mil postos de trabalho: a Anfavea contabiliza os quadros de todas as suas associadas nas estatísticas. Em setembro houve saldo positivo de emprego, com cerca de duzentas vagas a mais do que em agosto.
Moraes explicou: as recontratações da Renault, após decisão da Justiça, e o incremento de mão-de-obra por parte das fabricantes de máquinas puxaram o índice para cima. Em setembro a indústria desligou 1,2 mil trabalhadores, por meio de demissões, adesões a PDVs e não renovação de contratos temporários e contratou 1,4 mil – metade deles a Renault.
O presidente da Anfavea evitou dar projeções a respeito do emprego da indústria, mas lembrou que muitas empresas ainda estão com PDVs abertos, o que fará com que esse número de empregados ao fim do mês passado, 122,1 mil pessoas, caia até o fim do ano.
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