São Paulo – Pela primeira vez no ano a produção brasileira de veículos superou a comparação mensal com 2019: em novembro saíram das linhas de montagem 238,2 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, crescimento de 4,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Com relação a outubro outro avanço: 0,7%, tornando novembro o mês com maior volume de veículos produzidos em 2020.
Os dados foram divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 7. O comparativo dos acumulados, entretanto, segue negativo, com 1,8 milhão de veículos produzidos de janeiro a novembro, volume 35% inferior ao dos onze primeiros meses de 2019. O segundo trimestre, que teve o impacto das restrições de fechamento da indústria e comércio por causa da covid-19, prejudica negativamente o balanço.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse que o ritmo das fábricas segue acompanhando o do mercado doméstico – embora, em novembro, as exportações tenham registrado avanço. Os estoques seguem apertados se comparados aos níveis históricos: as 119,4 mil unidades nos pátios das montadoras e concessionárias abastecem apenas dezesseis dias de vendas.
“É o nível mais baixo de estoque desde 2004, mas foi uma decisão da indústria de trabalhar com volumes menores na pandemia”.
Este cenário de mercado doméstico aquecido e estoques baixos vem provocando, há alguns meses, certo desabastecimento no varejo. Concessionários reclamam de faltas de alguns modelos que, segundo Moraes, vem ocorrendo por falta de peças, componentes e matérias-primas. Locadoras também relataram demora no atendimento às encomendas.
“A retomada foi mais acelerada do que todos imaginavam e provocou um descompasso na cadeia. Já houve algumas paradas em determinadas linhas nas últimas semanas e a tendência é a de que a situação piore nas próximas semanas. Existe o risco de paralisação por falta de insumos”.
Desde o início da pandemia as fabricantes de veículos cortaram 5,2 mil postos de trabalho, segundo Moraes. Em novembro foram 1 mil 284 demissões, dentre cortes e adesões a PDVs, e 465 contratações, o que gerou um saldo negativo de 819 empregos. “As contratações são, em sua maioria, de trabalhadores com contrato temporário”.
Somadas as fabricantes de maquinas agrícolas a indústria empregava, ao fim de novembro, 120,7 mil pessoas, 4,5% menos do que em novembro de 2019. De outubro para novembro as fabricantes de máquinas registraram saldo positivo de 179 pessoas.
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