São Paulo – Saíram das linhas de montagem brasileiras, em 2020, 2 milhões 15 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, informou a Anfavea em balanço divulgado na sexta-feira, 8. Apesar do volume 31,6% inferior a 2019 e que representa em torno de 40% da capacidade instalada da indústria, que é de 5 milhões de veículos, o resultado pode ser considerado positivo se compararmos com as expectativas do começo da pandemia: a própria entidade divulgara estimativas com 100 mil unidades a menos.
Junto ao cenário pandêmico que afetou o varejo automotivo e as exportações a indústria enfrentou, também, descompasso na cadeia de fornecedores, especialmente nas últimas semanas do ano, quando a segunda onda da covid-19 na Europa provocou atrasos na entrega de peças e componentes por causa de medidas de restrições à mobilidade. Mais uma dificuldade que a indústria conseguiu driblar, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes:
“Enfrentamos algumas microparadas de linhas em novembro e dezembro e a indústria tentou compensar com horas extras, jornadas adicionais e até encurtamento do período de férias. O pessoal de logística das empresas precisou trabalhar muito, lançando mão inclusive de frete aéreo em algumas ocasiões, cujo custo é mais alto. O resultado é esse resultado de produção de dezembro, superior até ao de 2019”.
No último mês do ano foram produzidos 209,3 mil veículos, o melhor resultado para dezembro desde 2017. Superou em 22,8% a produção de dezembro de 2019, mas ficou 12,1% abaixo de novembro.
De toda forma as 2 milhões de unidades – que poderão chegar a 2,5 milhões em 2021, segundo projeções divulgadas pela entidade –, ainda representam dificuldade para um setor que tem capacidade para entregar 5 milhões de veículos em um ano: “Foi o pior acumulado do ano desde 2003”.
O cenário refletiu no emprego: em dezembro foram desligados mais duzentos trabalhadores nas montadoras. Como as fabricantes de máquinas agrícolas contrataram cem funcionários o saldo ficou negativo em cem pessoas e a indústria fechou o ano com 120,5 mil trabalhadores diretos. Em um ano foram mais de 5 mil demissões.
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