São Paulo – Os trabalhadores da fábrica da Ford em Taubaté, SP, fizeram protesto em frente à unidade na segunda-feira, 18, e depois participaram de assembleia organizada pelo Sindmetau, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, para aprovar a série de ações que serão realizadas ao longo da semana. A primeira dessas ações aconteceu no mesmo dia, na forma da primeira reunião do Sindmetau com representantes da Ford.
O presidente Cláudio Batista, do sindicato, disse que esse primeiro contato foi para organizar um canal e um calendário de coversações com a empresa: "Só depois disso é que as negociações começarão. Será um processo longo, pois queremos discussões maduras sobre a situação imposta por empresa estrangeira a seus trabalhadores brasileiros".
Batista também lembrou que os trabalhadores têm, a seu favor, acordo de estabilidade válido até dezembro de 2021.
Na terça-feira, 19, os sindicatos dos metalúrgicos de Taubaté e de Horizonte, CE, reuniram-se com o representantes do MPT, Ministério Público do Trabalho, e apresentaram a situação dos trabalhadores e da Ford. As informações serão usadas para auxiliar nas investigações em três inquéritos abertos contra a empresa para analisar a situação de suas três fábricas no País. Caso as investigações comprovem danos para a cadeia produtiva a Ford pode ser acionada judicialmente.
"Reforçamos para os procuradores a posição do sindicato, pela manutenção dos empregos na Ford em Taubaté, com a continuidade das atividades da montadora", contou Batista. "Essa é uma luta de toda cidade, porque a saída da Ford pode trazer um impacto gigantesco para nossas famílias e para a economia de Taubaté."
Na quarta-feira, 20, será realizada audência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e na quinta-feira, 21, será o dia nacional de mobilização pelos trabalhadores da Ford e de manifestações em frente às suas concessionárias.
Uma nova assembleia será realizada pelos metalúrgicos, em Taubaté, na sexta-feira, 22, mas já foi aprovada a presença em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, DF, na terça-feira, 26.
A mobilização dos trabalhadores tem a intenção de reverter a decisão da Ford de encerrar sua produção no País, anunciada na segunda-feira, 11, e que afetará até 118,8 mil postos de trabalho diretos e indiretos, de acordo com o sindicato de Taubaté, que revelou dados de estudo desenvolvido pelo Dieese: cada emprego fechado na Ford causará impacto sobre outros 23,7 postos de trabalho da cadeia produtiva.
A pesquisa do Dieese também mostrou que haverá queda estimada de R$ 3 bilhões na arrecadação de tributos.
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