São Paulo – As dificuldades das empresas fabricantes de motocicletas em atender à demanda do mercado brasileiro se agravaram em decorrência dos recentes acontecimentos em Manaus, AM, que abriga o Polo Industrial onde as associadas à Abraciclo estão instaladas. O descontrole da pandemia acabou por afetar a operação industrial das fabricantes, que deverão produzir apenas 50 mil unidades no primeiro mês do ano, 50% abaixo da média mensal do setor e que já não estava suprindo a demanda do mercado.
Segundo o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, Honda, Dafra, Ducati e Suzuki estão com as fábricas paradas nos últimos dias. “As demais fabricantes estão trabalhando, mas em regime de um turno, adequado ao toque de recolher imposto pelo governo do Estado. E com equipes limitadas por causa do distanciamento social".
A necessidade do distanciamento social é impeditivo relevante para a retomada do ritmo de produção no padrão pré-pandemia. São menos funcionários nas linhas, mais distantes, e a sua velocidade está naturalmente mais lenta, mesmo com o aumento de 5,2% no nível de emprego do setor, cálculo da Abraciclo. Junte-se a isso outros problemas hoje comuns na indústria, como a falta de matérias-primas como aço, alumínio e borracha, e a de componentes, como pneus.
A queda da produção em janeiro aumentará o descompasso da relação oferta e demanda no mercado. O nível dos estoques das revendas já era baixo em dezembro, situação que continua neste início de ano e que afeta todos os segmentos do mercado de motocicletas. A Abraciclo calcula que, hoje, a diferença da oferta para a demanda do consumidor está em torno de 100 mil a 150 mil unidades.
Fermanian disse que a situação deverá começar a melhorar a partir de março, com a indústria produzindo mais e reduzindo a espera do mercado até dezembro: "Precisamos contratar mais funcionários para conseguir elevar o ritmo de produção. Mas isso não é possível no momento por causa do distanciamento social exigido dentro das fábricas. Esperamos que a pandemia seja controlada para que esse cenário mude".
A dificuldade de acompanhar o ritmo do mercado gerou outro problema para o setor: atraso na entrega das motocicletas para os contemplados pelos consórcios, segmento de venda que é forte no setor de duas rodas. Fermanian considerou grave a situação: "Precisamos resolver essa questão ao longo do ano. Não temos o número fechado, mas só uma das grandes empresas de consórcios, ligada a uma de nossas associadas, possui mais de 100 mil entregas pendentes".
O presidente da Abraciclo também revelou que não pretende investir na compra da vacina contra a covid-19 junto com o setor privado, pois entende que esse não é o melhor caminho para resolver a situação. A entidade acredita que o País precisa de uma vacinação em massa para controlar a pandemia e espera que isso seja feito pelo governo federal.
Foto: Divulgação.