São Paulo – Um helicóptero aguarda o pouso do avião na pista do aeroporto. Sua missão é receber um pacote e transportá-lo o mais rapidamente possível a Resende, RJ, onde uma fábrica aguarda seu conteúdo para manter a operação produtiva em marcha. A cena, digna de filme, foi desenhada pela equipe de logística da Nissan, uma das montadoras que tem convivido com a falta de peças e com o descompasso na cadeia produtiva.
Soluções extremas como essa, muitas vezes custosas, precisaram ser adotadas para que as linhas de produção do Kicks e do V-Drive não fossem interrompidas. E o desafio é diário, segundo o presidente da Nissan, Marco Silva: “Temos conseguido manter a produção a todo o vapor, em um turno. Mas o problema existe e afeta a toda a indústria”.
O caso mais crítico é o de semicondutores. Por causa da falta do componente Honda e General Motors já anunciaram paradas nas linhas. Mas Silva relata que há também dificuldades para os fornecedores conseguirem matéria-prima, especialmente o aço: um executivo de fabricante de autopeças revelou à Agência AutoData que há escassez de parafusos e porcas no mercado.
“E a própria operação logística está prejudicada. Há menos voos e rotas de navios operando, o que limita o transporte, especialmente de peças importadas. As soluções adotadas acabam gerando impacto direto nos custos.”
Silva garantiu que, ainda, não há perspectiva de paradas na Nissan Resende, fábrica que opera em um turno desde junho do ano passado, quando, por causa da pandemia, demitiu 398 trabalhadores. E nem pode: o novo Kicks chega ao mercado nas próximas semanas e a expectativa pelo seu desempenho é alta.
A situação já esteve mais crítica, chegou a faltar veículos nas revendas, mas o ritmo foi equalizado em novembro, de acordo com Tiago Castro, diretor sênior de vendas e marketing Tiago Castro. Mas a marcação é cerrada: “Acompanhamos de perto, temos reuniões diárias. E quando vemos riscos lançamos mão de embarque aéreo e até do transporte por helicóptero para manter a disponibilidade do veículo no mercado”.
Colaborou Bruno de Oliveira
Foto: Divulgação.