São Paulo — Com bons resultados no segmento de reposição e redução dos volumes no OEM a marca Heliar completa 90 anos de produção no Brasil em 2021. E a Clarios, sua controladora, traça metas para os próximos anos: no horizonte está a possibilidade de expandir as aplicações de suas baterias no mercado interno, desenvolver novas tecnologias e consolidar ofertas de serviços.
A empresa sinaliza para o amadurecimento de tendências globais no Brasil no que diz respeito ao mercado de baterias. As do tipo íon-lítio, também chamadas de baterias avançadas, ganham força à medida que surgem os primeiros modelos de veículos elétricos e a empresa já mantém produção deste componentes para o segmento de motocicletas.
"Conforme as montadoras trazem os modelos para suas linhas instaladas aqui a cadeia de fornecimento vai se adaptando para produzir localmente", disse Alex Pacheco, vice-presidente da empresa na América do Sul. "Entendemos que o mercado de híbridos e elétricos é o segmento que mais crescerá e ocupará gama importante no mix global."
Por ora, no mercado interno, os Toyota Corolla e Corolla Cross, são os únicos modelos híbridos produzidos no País. Renault, General Motors e Nissan, por sua vez, abastecem o mercado com modelos importados. Apesar do volume, que deixou de ser baixíssimo há algum tempo, o executivo da Heliar considera que ainda há muito a crescer no sentido de justificar produção nacional de baterias íon-lítio para automóveis.
Enquanto isso não acontece a empresa analisa possibilidades e se prepara para elas. Um opção citada pelo executivo é desenvolver baterias em duas frentes: a primeira trata da pesquisa em torno de baterias íon-lítio menores e com mais potência, em processo de downsizing. A segunda frente seria o desenvolvimento de baterias convencionais, as do tipo chumbo-ácido, com maior poder de armazenamento.
Em termos de negócios as primeiras baterias citadas seriam recomendadas para o mercado de veículos híbridos, os quais também possuem em seu powertrain baterias auxiliares que alimentam sistemas afora o trativo: "Um bateria menor, neste caso, representa uma boa relação peso-desempenho no projeto desses veículos", disse Pacheco.
O tamanho menor, segundo o executivo, também tornaria viável a aplicação do componente em veículos comerciais.
Já no segundo caso a oportunidade está em promover melhorias em um componente consolidado em termos de manufatura local e com forte penetração no aftermarket.
A reposição, inclusive, representou o alicerce dos negócios da empresa em 2020, quando o mercado automotivo observou as demandas caírem o segmento de originais. O quadro, segundo Pacheco, não compensou as perdas da empresa no OEM, mas "reduziu riscos e prejuízos que poderiam ter sido maiores".
A produção mantida em Sorocaba, SP, hoje opera nos mesmos níveis pré-pandêmicos, em três turnos, muito em função dos pedidos do mercado de reposição que cresceu durante a pandemia com a manuteção da frota circulante nos transportes e aumento da tendência de manutenção nos automóveis.
Para o futuro a empresa também espera buscar oportunidades com serviços, algo que, segundo Pacheco, foi a primeira atividade da Heliar no País, em 1931. Tudo ainda é muito embrionário, contou o executivo, mas ele não descartou, por exemplo, uma eventual aposta nos carregadores de veículos elétricos. O futuro dirá.
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