São Paulo – Ainda limitada pela escassez de semicondutores no mercado global a produção nacional de veículos registrou, em maio, 192,8 mil unidades, 1% acima do volume produzido em abril. Os dados foram divulgados pela Anfavea, que apontou, ainda, alta de 247,6% sobre o resultado de maio do ano passado, comparativo prejudicado pelo cenário de 2020, com restrições fortes por causa do início da pandemia de covid-19.
No acumulado do ano saíram das linhas de montagem 981,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, volume 55,6% superior ao de janeiro a maio do ano passado. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, admitiu que o ritmo poderia ser superior até porque a demanda dos consumidores é maior do que o volume que as montadoras conseguem produzir.
“Estamos com essa crise dos semicondutores que, na nossa avaliação, é uma crise sem solução”, disse o executivo em apresentação na manhã da terça-feira, 8. “Os investimentos para produzir semicondutores são elevados e o início da produção de um projeto novo demora um tempo. Então é algo que será solucionado apenas em 2022.”
O impacto da falta de semicondutores, que é global, na produção mundial de veículo será de 3% a 5% do total estimado para o ano. No Brasil não será diferente embora, no País, outros fatores também pressionam a produção.
“O aumento de custo é outro fator de preocupação. Estamos negociando com as siderúrgicas, mas os novos reajustes estão chegando aos nossos fornecedores. Assim, de certa forma, o impacto será repassado aos consumidores. Não há o que fazer: aço é custo na veia,”
Segundo a Anfir, que representa os fabricantes de implementos rodoviários, os preços do aço foram elevados em 18% em maio e há previsão de nova alta, desta vez de 15%, em junho.
Moraes sugeriu ao governo que incentive uma política de produção local de semicondutores. Os componentes, lembrou ele, não são usados apenas pela indústria automotiva, mas por diversos segmentos, como eletroeletrônicos, telefonia, indústria de bens de capital etc.
“A tendência é que sejam cada vez mais demandados e uma produção local é estratégica, podendo até ser plataforma de exportação. É uma indústria que agrega muito em pesquisa e desenvolvimento ao País.”
Após meses de estabilidade os empregos da indústria fecharam maio em queda: foram cortados cerca de seiscentos postos de trabalho, somando 104,1 mil trabalhadores. O executivo argumentou que algumas empresas seguem contratando, mas o efeito do fechamento das fábricas da Ford começou a ser sentido no mês passado, quando os contratos de diversos trabalhadores foram encerrados após a companhia estabelecer acordo com os sindicatos.
Foto: Divulgação.