São Paulo — Veículos Ford representam 10% da atual frota brasileira de veículos leves em circulação e, desse volume, 14% ainda estão em garantia. Este índice, porém, deverá recuar 54,3% até 2025, caindo para 6,4%, patamar a ser mantido nos anos seguintes por causa da sua mudança de direção no mercado: até 2020 a empresa atuava em segmentos de volume, mas a partir de 2021 mudou seu foco para segmentos menores e mais rentáveis. Este é resultado de estudo desenvolvido pela Fraga Inteligência de Mercado.
Em 2019 a Ford vendeu 218,5 mil veículos ao mercado interno. Em 2020 foram 139,3 mil unidades, com volume médio acima de 14 mil emplacamentos/mês. Em 2021, com a mudança de direção e o fim da produção nacional, sua média mensal de vendas chegou a 3,5 mil unidades, volume impulsionado, até agora, pelos estoques de Ka e Ecosport. Caso a Ford mantenha esse ritmo deverá encerrar o ano com 47,3 mil vendas.
Também haverá uma reestruturação na rede de concessionárias, que se tornará menor, com capilaridade reduzida, o que significa menor movimento no espaço de pós-vendas das lojas. Até os clientes que optavam por levar o carro na concessionária, mesmo fora da garantia, deverão migrar para o mercado de reposição independente por causa da distância até uma revenda, principalmente fora dos grandes centros urbanos.
De acordo com Danilo Fraga, diretor de inteligência de mercado da Fraga, "esse cenário traz um potencial de redução de gastos com pós-vendas de até 45% para a Ford, mas chegar nesse porcentual dependerá da estratégia da empresa. Também existem custos fixos que a Ford não tem como eliminar, como estrutura para atender a esses carros, que independente do volume gera um gasto".
O valor que a Ford gastará até 2025 para manter sua área de pós-vendas operando não faz parte dos US$ 4,1 bilhões destinados aos custos específicos do fim da produção de veículos no Brasil.
Com menos carros em garantia e menor capilaridade quem ganhará será o mercado de reparação, que terá um volume maior de clientes Ford para atender. Não será um problema porque as peças continuarão disponíveis na reposição, sem causar transtorno para os proprietários, que poderão gastar menos nos reparos realizados fora das concessionárias.
O envelhecimento da frota será de 44,5% até 2025, outro ponto positivo para o mercado de reposição, que terá manutenções mais complexas para fazer nos veículos, com maior rentabilidade. Para o proprietário Ford, mais uma vez, o cenário não é preocupante, porque esse tipo de serviço também deverá ser mais em conta.
"A Ford ainda manterá o Auto Busca, seu site de venda de peças, e a linha Motorcraft, que atendem ao mercado independente".
Fotos: Divulgação.