São Paulo – Nos dois dias de paralisação em São Caetano do Sul, SP, a fábrica da General Motors deixou de produzir cerca de 1,6 mil unidades dos modelos Joy, Joy Plus, Spin e Tracker. Após a deflagração do movimento, na sexta-feira, 1º, a montadora realizou contraproposta ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, que foi rejeitada nesta segunda-feira, 4, pelos trabalhadores.
A nova proposta da GM contempla a reposição da inflação, que conforme o INPC acumulado nos últimos doze meses é de 10,4%, retroativos a 1º de setembro. Porém, ficaram de fora da proposta o vale-alimentação, a manutenção da cláusula 42, que garante a estabilidade até a aposentadoria ao funcionário sequelado devido a acidente de trabalho que ingressou na empresa até 2017, e renovação dos mais de setenta itens cláusulas sociais do acordo coletivo de trabalho.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, os trabalhadores seguem mobilizados para conquistar a recuperação das perdas trazidas pela crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus. “Não podemos aceitar uma proposta que traga prejuízo aos empregados. E o mínimo para iniciar conversa é a reposição da inflação. Queremos aumento real de 5% e também o pagamento de vale-alimentação para recompor a perda do poder de compra.”
Segundo Cidão, a GM havia oferecido valor de R$ 350 ao colaborador que receber até R$ 4 mil 429, mas nessa contraproposta não foi mais sinalizado o benefício. A ideia da entidade é obter vale-alimentação de R$ 1 mil para quem recebe o piso, hoje em torno de R$ 2,1 mil. Ele ressalvou, entretanto, que existe uma lei que determina que não é possível ultrapassar 20% do valor do salário. “Mas o piso está muito baixo. Desde 2017 tivemos de rever os contracheques de quem iniciava jornada na montadora.”
Para quem ganha acima da cifra, o pleito é de benefício de R$ 500.
A categoria reivindica ainda piso salarial com correção pelo INPC de 2016 a 2021, PLR de R$ 18 mil com antecipação de R$ 10 mil, adiantamento da metade do décimo-terceiro de 2022 para fevereiro do ano que vem. Há, também, a inclusão de cláusula sobre home office, pagamento de quinquênio de 5%, retorno do reajuste da grade salarial a cada seis meses e cesta de Natal.
Reunião de conciliação está agendada no TRT para quarta-feira, 6, a qual Cidão não tem certeza da validade devido à rejeição da proposta. Na sexta-feira houve tentativa de reconciliação entre as partes no Tribunal Regional do Trabalho. “Se a GM não melhorar a proposta, acredito que o TRT conceda dissídio coletivo e determine os benefícios.”
A proposta que levou à paralisação continha reposição integral da inflação a ser aplicada aos salários em 1º de fevereiro de 2022, mais 50% do INPC do período, com aplicação em fevereiro de 2023, o vale de R$ 350 e abono de R$ 1 mil a ser pago neste mês.
Procurada, a GM disse que está fazendo todos os esforços para chegar a um acordo que seja bom para ambas as partes. “A empresa espera que a situação possa ser resolvida o quanto antes, com um acordo viável e sustentável, e que rapidamente as operações de nossa fábrica estejam totalmente normalizadas.”
A greve começou poucos dias após da GM anunciar a retomada da produção em dois turnos na unidade de São Caetano do Sul e de Gravataí, RS. As linhas de produção no ABC já ficaram paradas mais de dois meses em 2021 por causa da falta de semicondutores e outros componentes.
Foto: Divulgação.