São Paulo – O ex-presidente da General Motors Carlos Zarlenga, que retornou ao setor automotivo como sócio fundador da Qell Latam Partner, projetou, durante o Congresso AutoData Perspectivas 2022, organizado pela AutoData Editora até a sexta-feira, 22, crescimento para a indústria automotiva nacional em 2022, mas evitou cravar um índice: existe, segundo ele, uma série de questões que trazem nebulosidade para o futuro de curto prazo.
Para o empresário, antes de definir a expectativa de crescimento para o ano que vem é necessário analisar como será o ritmo de produção até o fim do ano: "Estimo que este ano a produção de veículos, no Brasil, seja de 2 milhões 150 mil e 2,2 milhões. Acho muito difícil passar desse volume".
Zarlenga levantou algumas questões que trazem neblina para a estrada que ruma para 2022. A primeira dúvida é sobre o padrão dos preços, que desde março do ano passado cresceu 40%, apenas acompanhando a desvalorização do real, e na sua visão continuará subindo no ano que vem – as montadoras deverão optar por menos volume e mais preço para melhorar suas margens.
O outro grande ponto chave que definirá o desempenho da indústria são os semicondutores: até quando essa crise de disponibilidade causará impacto sobre a produção local?
O empresário não arriscou a colocar prazo: "Como a demanda pelos semicondutores é global e a rentabilidade da nossa região é menor com relação a outros mercados, os componentes são enviados para outras operações".
Com essas incertezas a curto prazo, mesmo que crescimento na ordem de 10% torne-se realidade no ano que vem, chegando a 2,4 milhões de veículos, outras dúvidas virão, como a retomada de volume maior, em torno de 3 milhões e até 3,8 milhões, como foi o pico de 2013. Para Zarlenga isso levará, ao menos, mais cinco ou seis anos, caso a retomada seja sustentável e não mais um ciclo perdido.
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