São Paulo – Quanto mais próximo do ano que vem, maiores são as incertezas com relação ao crescimento do Brasil, que consequentemente puxará o mercado de caminhões, já que o que movimenta essa indústria é o PIB. Na média, executivos das principais montadoras do País projetam um crescimento de 1% a 1,5% para o PIB brasileiro em 2022.
As informações foram divulgadas durante um evento online realizado pela organização da Fenatran, com a participação de Roberto Cortes, CEO da VW Caminhões e Ônibus, o mais otimista, que projetou crescimento de 2% a 3%, a mesma projeção apresentada durante o Congresso AutoData Perspectivas 2022, seguido de Marcio Querichelli, presidente da Iveco para América do Sul, que espera alta de 1% a 2%, aumentando a expectativa apresentada no evento de AutoData, que era de até 1,5%. No bloco da média estão Wilson Lirmann, presidente da Volvo, 1%, Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, 1%, Silvio Munhoz, diretor de vendas da Scania, 1,5% e Luis Gambim, diretor comercial da Daf, 1% a 1,5%.
Os executivos que projetaram alta de 1% a 1,5%, um PIB considerado pequeno para o País, usaram como base as diversas incertezas políticas e econômicas que rondam o Brasil, cenário que se une a alta dos juros e o crescimento da inflação. Cortes, o mais otimista, defendeu sua projeção apostando no início de uma retomada do PIB que está estagnado desde 2013.
Daf, Volvo, Iveco e Mercedes-Benz projetaram taxa Selic em torno de 11%, enquanto os mais otimistas foram os executivos da VW Caminhões e Ônibus e Scania, com projeções de 7% e 8,5%, respectivamente. Com relação ao dólar a expectativa é algo em torno de R$ 5,50, com a Scania projetando R$ 5,30. Em um ponto os seis executivos concordaram: inflação de 4% a 5% em 2022.
Com o cenário apontando para um fraco crescimento do PIB, o mercado de caminhões, que em 2021 desfrutou de um forte incremento nas vendas, com demanda maior do que a oferta, deverá começar a sentir os impactos da alta nas taxas de juros, ponto que deve atrapalhar bastante os negócios. Mesmo assim todos os executivos ainda apostaram em expansão para o ano que vem, sem arriscar números, mas em ritmo menor do que em 2021 e puxada por alguns segmentos como o agronegócio.
O movimento de antecipação de compras ante a chegada do Euro 6 a partir de janeiro de 2023, que deixará os caminhões de 20% a 25% mais caros, poderia estar na programação das montadoras e ajudaria a elevar a taxa de crescimento esperada para 2022, caso o cenário fosse normal, como em anos anteriores. Porém, por causa da pandemia e toda a crise que atingiu a cadeia de fornecimento e logística, ainda existem dúvidas se será possível atender pedidos além do projetado para o ano, que já será difícil de atender e também ligou o sinal de alerta nos concessionários.
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