São Paulo – A locomotiva chamada China carrega a reboque o continente asiático quando o assunto é o setor automotivo. Apesar do baque trazido pela pandemia a produção no país é crescente tanto para abastecimento local como para exportações. E é aí que a América Latina entra, pois é considerada mercado-chave para a manutenção de seu crescimento.
Foi o que indicou Mingyu Guan, sócio-gerente da McKinsey & Company em Pequim, China, durante participação no painel A Visão da Ásia durante o 3º Encontro da Indústria de Autopeças, promovido pelo Sindipeças na segunda-feira, 20.
As montadoras chinesas não somente têm crescido no mercado local como também no mundial, lembrou o especialista. Eem 2020 e 2021 o volume de suas exportações dobrou, chegando a mercados distantes como América Latina, hoje um dos seus principais destinos.
“Em cinco a dez anos fábricas chinesas serão mais agressivas e desejarão fabricar fora da China e da Ásia. E um dos locais que estão mais de olho é a América Latina.”
Movimento este que tem sido visto no Brasil com a Chery – que em 2017 se associou ao Grupo Caoa –, BYD e, mais recentemente, Great Wall Motor, que anunciou no início do ano plano de investimento de R$ 10 bilhões até 2032 e o objetivo de alcançar 50% ou mais de conteúdo nacional até 2026.
Potência – A China tem sido o motor do crescimento da Ásia, respondendo por mais de 90% das vendas de veículos no continente de 2011 a 2021. Apesar disso, quando projetado o potencial de 2021 a 2029, o país atingiu dois terços do proposto, o que demonstra que ainda há espaço para crescer.
Segundo Guan até 2029 a Ásia ocupará mais da metade das vendas globais de veículos de passageiros e de veículos comerciais. E, até 2040, o mercado chinês estará equiparado ao da América do Norte.
Conforme estimativas da McKinsey, nos próximos quatro anos a China permanecerá como o mercado número 1 do mundo e contribuirá com cerca de 50% do incremento no volume de vendas globais: “A China é a locomotiva que continuará tendo sua relevância no pós-pandemia”.
Em 2019 foram comercializados na China 20,2 milhões de veículos de passageiros movidos com motores de combustão interna, sendo 31% de marcas chinesas. Quanto aos elétricos foram 900 mil, 81% de marcas chinesas. Em 2021, para efeito de comparação, foram vendidos 17,9 milhões de automóveis a combustão, 33% chineses, e 2,9 milhões movidos a bateria, sendo 79% chineses. Ou seja: as novas tecnologias de propulsão deverão ser responsáveis pela conquista de novos mercados por parte da China, incluindo o do Brasil.