Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do banco, participou do Congresso AutoData Perspectivas 2025
São Paulo – O Brasil deverá ter crédito mais caro em 2025, apesar dos esforços do governo para o corte de gastos públicos e a apresentação do pacote fiscal. Com isto diversos mercados, dentre eles o automotivo, podem podem conhecer consequências. A previsão foi feita por Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú, em painel do Congresso AutoData Perspectivas 2025, promovido pela AutoData Editora, em São Paulo.
Segundo Gonçalves a taxa Selic, hoje em 11,25% ao ano, deverá atingir de 13,5% a 14% em 2025.
“O corte de gastos promovido pelo governo federal é importante, mas insuficiente, uma vez que não diminuirá a dívida com relação ao PIB”, afirmou o executivo. “Além disto as medidas parafiscais [receitas primárias sem esforço fiscal, políticas públicas por fora do orçamento, capitalização e aportes do BNDES e crédito subsidiado por ex-BNDES] tendem a ultrapassar os R$ 100 bilhões. O governo precisa de um esforço ainda maior nesses cortes.”
Gonçalves afirmou, ainda, que a inflação tende a ficar acima da meta, na casa dos 5%: “A demanda interna segue forte, mas muito baseada em consumo e com a aceleração dos gastos do governo. O mercado de trabalho com baixa taxa de desemprego mantém os salários em alta, trazendo preocupações inflacionárias”.
China pisa no freio
Fatores externos também podem causar algum tipo de impacto sobre a economia brasileira, com destaque para a China. Segundo Gonçalves o modelo econômico da China vem mostrando sinais de fragilidade, iniciada com a crise imobiliária, que atingiu gigantes como a Evergrande, maior incorporadora imobiliária do país e que teve sua falência decretada este ano.
“Com um mercado imobiliário menos aquecido a China aumentou a produção industrial, ampliando suas exportações ao máximo, o que inclui carros elétricos”, afirmou. “A partir de 2025 a tendência é que o país seja alvo de fortes barreiras protecionistas na Europa e, principalmente, nos Estados Unidos. Com isto haverá a desaceleração das exportações chinesas, o que inclui uma menor oferta de carros elétricos, inclusive no Brasil, ainda que o país tenha um bom estoque disponível”.