Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, celebrou resultado mas sinalizou pontos de preocupação vindos de dentro e de fora do País
São Paulo – Em janeiro saíram das linhas de montagem de veículos instaladas no Brasil 175,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, segundo dados divulgados pela Anfavea na segunda-feira, 10. O volume representa crescimento de 15% sobre o primeiro mês do ano passado, quando a produção somou 152,6 mil veículos, e é o melhor resultado para janeiro desde 2021.
Para o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o setor continua demonstrando trajetória positiva, mas existem, ainda, preocupações: “Ainda não temos o efeito da subida da taxa de juros na produção”.
De toda forma a produção acompanha o bom desempenho do mercado doméstico, que cresceu 6% em janeiro, e das exportações, que avançaram 52,3% no período, ainda que sobre uma base baixa.
O presidente destacou também o nível de emprego nas montadoras, o maior desde 2019: são 108,2 mil trabalhadores diretos. Em um ano foram gerados mais de 8 mil postos de trabalho pelas fabricantes de veículos leves e pesados:
“Calculamos que a cada emprego direto gerado outros nove surgem ao longo da cadeia. Podemos dizer, portanto, que no último ano foram mais de 100 mil empregos criados”.
Conjuntura global
Às preocupações internas, como a taxa de juros em elevação, somam-se sinais vindo do mercado externo, sobretudo dos Estados Unidos e das intenções de seu presidente, Donald Trump, de elevar taxas de importação. Há algumas semanas ele anunciou aumento para 25% do imposto de importação de produtos importados do México e Canadá e de 10% para os da China, embora tenha recuado no caso dos dois vizinhos.
“Elevação tarifária nos afeta de duas maneiras: a primeira diretamente, com parte desta produção da China, México e Canadá podendo ser direcionada para cá, e a segunda indiretamente, com estes volumes entrando em países da América Latina, os principais destinos das nossas exportações.”
Lima Leite acrescentou que o cenário gera, ainda, volatilidade na economia global que impacta no câmbio. “Também gera efeito direto e indireto na nossa competitividade”.
Por fim existe a situação de insegurança jurídica, que pode obrigar a indústria a refazer sua configuração geográfica, uma vez que os acordos comerciais atualmente existentes tendem a ser modificados.