Executivos debateram no Megatendências a solução, que impulsiona a transição energética e abre portas para o mercado internacional
São Paulo – A parceria da Horse com a WEG é uma demonstração das oportunidades que o Brasil oferece na transição energética. A sinergia, segundo Márcio Melhorança, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Horse, está na complementaridade que existe da Horse, uma fabricante de motores, com a WEG, focada na parte elétrica:
“Juntamos dois know-hows e foi fundamental para desenvolver este que é o primeiro range extender a etanol do mundo”, afirmou durante o Congresso AutoData Megatendências 2025, no qual participou de painel junto com Alex Passos, gerente de powertrain da WEG. O motor a combustão, Horse, e o elétrico, WEG, equipam o ônibus Volare híbrido.
Passos justificou: “Somente o sistema elétrico não sustentaria uma operação municipal ou interestadual”.
A Horse é nova: foi fundada em 2023 a partir da separação das operações de motores a combustão do Grupo Renault, em parceria com a Geely e a Aramco. A WEG, por sua vez, tem 54 anos de produção de energia, incluindo geração de energia solar, eólica, sistemas eletrônicos e uma ampla gama de componentes.
No sistema ranger extender com motor flex do Volare a WEG consegue pegar o torque e rotação da ponta do eixo do propulsor Horse, e por meio de um gerador transformar em energia elétrica: “Tudo que nós precisávamos para a hibridização de um veículo a etanol estava pronto. O produto foi bem aceito”.
Alex Passos, gerente de powertrain da WEG. Fotos: Patrícia Caggegi.
A Marcopolo, que estava desenvolvendo um veículo híbrido com etanol, foi vetor desta parceria. O sistema agora está em fase de testes em Caxias do Sul, RS, fazendo as calibrações adequadas.
Economicamente viável
Um ponto interessante é que o range extender consegue reduzir em torno de 50% o tamanho da bateria em comparação a um veículo elétrico, impactando positivamente na redução de custo e peso. O motor em operação recarrega a bateria e aumenta a autonomia – a recarga pode ser feita na tomada ou com o uso de combustível para gerar energia ao gerador. Para o diretor da Horse isto tornou o projeto economicamente viável.
O tipo de aplicação e da potência podem determinar qual motor a Horse acha mais adequado: até 100 kW poderiam utilizar o 1.0 turbo e acima de 100 kW o motor 1.3 turbo, ambos com produção nacional.
Atualmente os projetos focam na aplicação do range extender em veículos comerciais leves e nos futuros modelos da Lecar, fabricante nacional de eletrificados. Também estão sendo realizados testes em veículos comerciais e caminhões com PBT de 14 toneladas. Adicionalmente a solução está sendo avaliada para veículos agrícolas e até embarcações.
Márcio Melhorança, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Horse. Fotos: Patrícia Caggegi.
Melhorança informou que o sistema, ainda em fase de homologação, pode ser regulamentado em termos de eficiência energética como veículo elétrico e outros como híbrido leve: “Estamos discutindo como regulamentaremos tudo isso para poder homologar a sua eficiência energética”.
De olho nas exportações
Com todo seu potencial o projeto passou a ser um eixo estratégico para a Horse, inclusive para exportação. Onde houver necessidade de autonomia, dificuldade em acesso a uma rede para recarregar e infraestrutura o range extender pode ser uma solução.
O etanol e a tecnologia do range extender são complementares: “Ao analisarmos a cadeia do poço à roda podemos considerar uma quase neutralidade de carbono. Assim, um veículo que utilize uma solução range extender a etanol poderia, por que não, obter um selo verde, sendo bem aceito em outros países, além do Brasil”.