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28/01/2020

Marca Delphi sumirá do mercado após a compra pela BorgWarner

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Foto Jornalista Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – A BorgWarner anunciou na manhã da terça-feira, 28, a aquisição da operação global da Delphi Technologies por US$ 3,3 bilhões. Com o negócio, informaram as empresas, a nova companhia formada seguirá no mercado como BorgWarner, com o nome Delphi saindo de cena após 26 anos no mercado.

 

A transação deverá ser finalizada no segundo semestre e está sujeita à aprovação pelos acionistas da Delphi e das entidades regulatórias. Auburn Hills, MI, foi escolhida como sede da nova companhia, seu presidente será Frédéric Lissalde, hoje presidente da BorgWarner, e o diretor financeiro Kevin Nowlan.

 

O acordo, aprovado pela diretoria das duas empresas, estabelece uma troca de ações que, ao fim do processo de compra, resultará em 84% da nova companhia nas mãos dos atuais acionistas da BorgWarner e 16% com os da Delphi. No ano passado a BorgWarner faturou US$ 10,2 bilhões e a Delphi US$ 4,4 bilhões. O negócio envolve as divisões de OEM e de reposição da Delphi.

 

Espera-se que a empresa combinada estabeleça economia, via sinergias, de aproximadamente US$ 125 milhões até 2023, impulsionada principalmente por corte de custos contábeis, como compras e outras despesas administrativas. A companhia espera também sinergias significativas de receita a longo prazo principalmente “com a oportunidade de oferecer produtos eletrificados mais integrados”.

 

A empresa combinada teria, segundo comunicado, oferta mais abrangente de produtos e sistemas de propulsão a combustão, híbrida e elétrica, resultando em “maior conteúdo por veículo com relação à BorgWarner atualmente”.

 

Na prática a BorgWarner ganharia escala e volume com a compra da Delphi, fundada em 1994 a partir de um spin-off promovido pela General Motors, e que mantém unidades em mais de 150 países, inclusive no Brasil. Recentemente outro spin-off foi protagonizado pela empresa, criando a Aptiv. A partir deste negócio a Delphi herdou o portfólio de produtos ligados ao powertrain a combustão, ficando a parte de novas tecnologias no portfólio da Aptiv.

 

O cenário guarda razão direta com as pretensões da BorgWarner para o futuro, sobretudo nos mercados em desenvolvimento onde acredita que motores a combustão desempenharão papel de protagonismo apesar dos avanços do powertrain híbrido e elétrico no mundo.

 

Na operação brasileira o negócio poderia significar, dentre outras coisas, a entrada da BorgWarner em montadoras nas quais a Delphi, historicamente, é cativa. A possibilidade, se for concretizada, poderá acelerar seus negócios envolvendo turbos e sistemas de start-stop no mercado brasileiro.

 

Na operação global a nova empresa teria musculatura financeira para desenvolver novas soluções ligadas ao powertrain elétrico. A demanda, inclusive, é algo que se tornará mais recorrente no mercado global, segundo Fernando Trujillo, consultor da IHS Markit: “Afora o ganho de escala e volume as fusões e aquisições que acontecerão por causa dos veículos elétricos surgem como alternativa para empresas em termos financeiros”.

 

Significa que desenvolver produtos para um mercado novo demanda alto investimento, e uma vez unidas as empresas os custos são compartilhados e, principalmente, os riscos da operação. O consultor citou como exemplos de companhias que fecharam parcerias ou fusões com este objetivo a aliança Ford e Volkswagen no campo dos veículos comerciais e, mais recente, a fusão FCA-PSA.

 

Frédéric Lissalde, presidente da nova empresa, sinalizou que este, de fato, será o caminho futuro: “Temos muito respeito pela equipe da Delphi no mundo e esperamos recebê-los na BorgWarner. Estamos confiantes de que juntos seremos capazes de avançar mais rapidamente para abordar as tendências do mercado em direção à eletrificação. Esta transação representa o próximo passo na nossa estratégia de propulsão eletrificada, bem como nossos negócios de combustão”.

 

Procurada pela reportagem de AutoData a assessoria de imprensa da BorgWarner informou que, por ora, o assunto é tratado — e comentado — apenas pela casa matriz.

 

Foto: Divulgação.