São Paulo – O presidente da General Motors América do Sul, Carlos Zarlenga, defendeu um reset da indústria automotiva regional para que ela mantenha, no futuro, relevância e atratividade diante do contexto global. O executivo participou do último dia do Congresso AutoData Perspectivas 2021, realizado em ambiente online de segunda-feira, 26, à sexta-feira, 30, pela AutoData Editora.
A preocupação de Zarlenga tem relação com a capacidade das fabricantes de veículos do Brasil e da Argentina de gerar lucro sobre os investimentos realizados recentemente para justificar novos aportes. Algo que, segundo ele, já vinha de antes da covid-19:
“Foi feito muito investimento, inclusive em capacidade instalada, que hoje é excessiva e afeta diretamente os resultados financeiros, e nada de retorno. E a América do Sul precisa dar tanto ou mais lucro do que as outras regiões, por sua volatilidade, para justificar novos aportes financeiros. Estamos em um contexto global e antes de qualquer decisão a matriz mapeia todas as regiões”.
Para o presidente da GM os esforços em redução de custo seguirão nos próximos anos, embora ele admita que, nas montadoras e nas empresas sistemistas, as operações internas obedecem a padrões mundiais. Ao mesmo tempo dois movimentos acompanharão esses esforços: reajustes de preços de veículos, inevitável no atual cenário cambial – e os lucros são calculados em dólar – e um ajuste da estrutura de custo. O executivo disse que haverá redução de postos de trabalho na indústria em geral até o fim do ano e, talvez, de forma mais forte no primeiro trimestre.
“O tamanho desse ajuste, é claro, vai depender da reação do mercado.”
Zarlenga falou, mais uma vez, da necessidade dos avanços das reformas e de ampliar as exportações de veículos a partir do Brasil. Para isso, acredita o presidente da GM, é preciso retirar o que chama de “ineficiência competitiva”, que nada mais é do que a tributação sobre as vendas externas: “Nós exportamos impostos. Havia um avanço importante na questão do Reintegra, mas aí chegou a pandemia e o tema parou”.
O executivo propôs, também, a postergação de alguns marcos regulatórios relativos a segurança e emissões. Na última semana o Contran publicou portaria adiando a obrigatoriedade de alguns itens de segurança e a Anfavea discute com o governo uma mudança no cronograma das regras de emissões.
São estes temas, em conjunto, que farão a indústria resetar sua operação local, na opinião de Carlos Zarlenga: “A mudança da indústria é a chave para o reset, para que tenhamos um futuro brilhante e para que a América do Sul se coloque como um centro para receber novos investimentos”.
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