São Paulo – Há pouco mais de duas semanas as linhas de produção da Renault em São José dos Pinhais, PR, pararam por faltas de peças. A interrupção durou poucos dias e, segundo o presidente Ricardo Gondo, ocorreu por descompasso logístico. Além dos problemas mais conhecidos como escassez de aço, plástico e a recente crise dos semicondutores, o transporte marítimo tem sido uma dificuldade adicional à rotina das fábricas brasileiras.
Navios atrasam durante suas rotas, seja por dificuldade em algum porto especifico, seja por qualquer outra razão, e ao chegar nos portos brasileiros “perdem a vez”. Acabam estacionados no território marítimo brasileiro aguardando a liberação de algum slot para descarregar as mercadorias. Dependendo do tempo de espera o estoque da fabricante chega ao fim e a linha precisa ser parada, enquanto aguarda as peças chegarem.
Gondo disse que as reuniões para avaliar a situação da logística são diárias e, no curto prazo, não enxerga potencial parada para São José dos Pinhais. Mas não garante em prazo maior: “Nosso CEO, Luca de Meo, disse recentemente que a crise dos semicondutores, que é global, deverá ser mitigada apenas no segundo semestre. Até lá conviveremos com esse risco. Uma hora vai chegar: não consigo dizer quando nem por quanto tempo, mas deveremos precisar parar”.
A Renault projeta que, em todo o mundo, deixará de produzir 100 mil veículos por causa da crise dos semicondutores.
Por aqui o volume não deverá ser elevado. O ritmo de produção no Paraná, hoje, é inferior a 60 unidades/hora, por causa dos protocolos sanitários adotados em função da covid-19. Tanto que Gondo ainda não reavaliou suas perspectivas de vendas para o mercado nacional:
“Estamos mantendo a projeção de crescimento de 15% do mercado”, disse em conversa com jornalistas na segunda-feira, 1º. “Apesar do resultado inferior de vendas do primeiro bimestre seguimos com essa expectativa de mercado de 2,3 milhões de unidades. O desempenho dos próximos meses ajudará a compensar essa queda.”
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