Santo André, SP – O governo do Estado do Ceará diz ter sido surpreendido com a decisão da Ford de encerrar as atividades da Troller em Horizonte, CE. Em nota o Estado criticou a decisão da montadora, que retirou as negociações da venda da marca e o direito de seguir produzido os utilitários. Agora o comprador poderá apenas adquirir o imóvel e os maquinários.
“Desde janeiro, os governos estadual e federal, por meio das secretarias do Desenvolvimento Econômico e Trabalho e da Fazenda, e o Ministério da Economia, acompanham as negociações buscando prováveis compradores. O Estado monitorou as tratativas sem interferência, pois não éramos vendedores nem compradores do ativo, e nos mantivemos entusiasmados com a finalização comercial até julho, quando o processo se afunilou com três possíveis compradores e a Ford disse estar sendo atendida do ponto de vista dos acertos comerciais”, relatou, em nota, o secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, Francisco de Queiroz Maia Júnior.
Maia Júnior afirmou ter sido pego de surpresa com telefonema do diretor institucional da Ford no Brasil, Rogelio Golfarb, na tarde de segunda-feira, 9, para informar sobre a suspensão das negociações alegando decisões da matriz, nos Estados Unidos, que havia contratado empresa especializada em fusões e aquisições para o processo.
“A marca Troller não é mundial, foi criada por cearenses! Esperamos que a Ford estadunidense e a brasileira não prejudiquem o desenvolvimento do Ceará e os trabalhadores cearenses”.
Segundo o secretário o Estado reserva a posição de manter a busca pela continuidade da fábrica para o desenvolvimento do município de Horizonte e a manutenção dos empregos. “Continuaremos firmes na busca de entendimentos para que a Ford reflita que esta posição tomada pela matriz é indesejada por nós.”
Atualmente, a planta emprega 470 trabalhadores.
A Troller vai fabricar utilitários até o mês que vem e, até o fim de novembro, seguirá produzindo peças para assegurar o pós-venda dos veículos. Questionada pela reportagem se pretende prosseguir com a produção do modelo em outro país, a multinacional não descartou e se limitou a dizer que reterá os direitos de produção e marca.
No início de janeiro, a Ford anunciou a saída como fabricante de veículos no País após um século de história. O mercado brasileiro, no entanto, continua sendo abastecido por veículos produzidos em outros mercados, como a Argentina e , em breve, o Uruguai.
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