São Paulo – A pandemia impediu Karin Radström, engenheira à frente da operação global da Mercedes-Benz Trucks, de estar no Brasil para a celebração dos 65 anos da sua divisão mais relevante fora da Alemanha. A fábrica de São Bernardo do Campo, SP, esteve em festa na terça-feira, 28, para a comemoração: razões para isso existem, além do aniversário, pois o mercado brasileiro de caminhões vive boa fase, apesar da covid-19.
Da Alemanha, por videoconferência, Radström fez questão de sublinhar a grupo de jornalistas que a operação brasileira é importante, promissora, de elevado potencial de crescimento e que seguirá recebendo investimentos, mesmo após o ciclo de R$ 2,4 bilhões que se encerra em 2022. E que os caminhões elétricos Daimler chegarão aqui, sim: “Na hora certa, quando os consumidores desejarem investir e quando o TCO fizer sentido”.
Por enquanto, de elétrico, a Mercedes-Benz do Brasil oferecerá um chassi de ônibus, produzido ali mesmo, em São Bernardo do Campo, e com estreia prometida para 2022. Antes o segmento de caminhões receberá duas novidades, uma delas um modelo completamente novo, conforme anunciou o vice-presidente de vendas e marketing Roberto Leoncini na mesma videoconferência.
Da reunião virtual participou, também, Karl Deppen, CEO da América Latina e que está se despedindo, pois assumirá novo cargo na Ásia e uma cadeira no Conselho de Administração. Radström disse que ainda busca seu substituto para a região, que deverá ser anunciado nas próximas semanas.
A executiva evitou fazer projeções do mercado e da economia brasileira: “Quando falamos da Europa Ocidental é menos arriscado, temos uma ideia de qual será o volume nos próximos anos. No Brasil muitas vezes temos surpresas de um mês para o outro”.
Há fatores que contribuem para essa imprevisibilidade, segundo Radström, como a crise de semicondutores, que apesar de menos acentuada atrapalha o planejamento da indústria de caminhões, dificuldades em outras matérias-primas e a entrada das normas de emissões Euro 6, em 2023, no País. Mas, no longo prazo, não há dúvidas: o Brasil é uma boa aposta.
“A frota circulante é muito antiga, há uma demanda por caminhões mais novos. Como não há ferrovias o transporte é feito por estradas, em um país de grandes dimensões, o que indica também perspectivas positivas. Gostaríamos de mais estabilidade, mas sabemos que a economia é cíclica.”
Nascida em Södertälje, Suécia, Radström foi nomeada chefe da operação de caminhões da Daimler em fevereiro. Fez carreira na concorrente, Scania, na qual ingressou em 2004 como trainee. Ocupava posição no board da companhia quando a Daimler a convidou para integrar o seu Conselho e a administrar a Daimler Trucks.
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