São Paulo – A Stellantis avança no desenvolvimento da tecnologia híbrida aliada ao sistema flex para que os veículos possam, também, ser abastecidos com etanol, o que permite mais avanços na descarbonização à medida que a cadeia do etanol praticamente zera a emissão de CO2 na medição do poço à roda. Segundo seu presidente para a América Latina, Antonio Filosa, a ideia é que os primeiros frutos do projeto Bio-Electro, como está sendo chamado, apareçam ainda este ano.
Não deverá ser ainda, porém, um veículo comercialmente viável. Como o projeto ainda está em seus primeiros passos a intenção é apresentar uma ou outra tecnologia para, em um momento certo, o carro estrear no mercado – a data, porém, o executivo preferiu manter reservada. Mas justificou o motivo da demora comparado, por exemplo, à Toyota que desde 2019 oferta a tecnologia híbrido-flex no País:
“Não vamos trazer kit da Ásia para montar em um galpão. Nós vamos desenvolver tudo localmente, com a nossa equipe de mais de 1,5 mil engenheiros, e produzir com fornecedores daqui. Como sempre buscamos fazer a Stellantis vai valorizar a indústria nacional”.
De fato a Toyota deu o pontapé inicial no híbrido flex com o Corolla em 2019 com todo o sistema sendo produzido no Japão e importado, o que, além de tornar a tecnologia em tese mais cara, limita a oferta destes produtos no mercado. Filosa não citou nomes, mas elencou as vantagens de se produzir localmente, como o fato de não estar exposto ao dólar.
São três as frentes do Bio-Electro, sempre com parceiros locais. A primeira, na área acadêmica, busca universidades e institutos de pesquisas para trabalharem em conjunto com a companhia. A segunda busca o universo das startups, com incubação e ideias e a criação de um ecossistema. A terceira parte é a industrial, quando os parceiros serão os fornecedores, atuais ou novos a serem desenvolvidos.
Desde a fusão da FCA com a PSA e a criação da Stellantis os fornecedores locais têm sido priorizados, segundo o executivo. As duas marcas francesas, Peugeot e Citroën, ganharam maior conteúdo local nos últimos dois anos graças às sinergias encontradas após a criação da companhia.
Estas sinergias foram citadas por Filosa, que elencou ainda os benefícios que estas duas marcas colheram com a junção com a equipe comercial da FCA, que tinha no currículo os bons desempenhos de Fiat e Jeep. No ano passado as vendas da Peugeot cresceram 41% e as da Citroën 37% no mercado local.
“Existem outras sinergias, estas mais visíveis, como por exemplo a adoção dos motores produzidos em Betim no Peugeot 208 e no novo Citroën C3. Agora vamos avançar em mais sinergias de motores, transmissões e plataformas.”
Sobre o futuro Filosa, por estar em período de silêncio, pouco falou. Reiterou que este ano a companhia dará maior foco ao desenvolvimento da Ram na região: em agosto, durante o Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva, organizado pela AutoData Editora, ele confirmou a produção local de picapes da marca.
Suas projeções sobre o mercado brasileiro estão em linha com a Anfavea, de avanço de 3% nas vendas. E, na sua visão, a crise dos semicondutores melhorou mas ainda não está totalmente resolvida: ele acredita em melhor desempenho dia a dia, com uma solução mais enraizada no segundo semestre.