São Paulo – Embora seja referência na América Latina a indústria de veículos comerciais instalada no Brasil mantém participação pequena no total consumido pelos países da região. Segundo Jens Burger, diretor geral do centro regional Daimler para América Latina, que participou do Congresso Latino-Americano de Negócios do Setor Automotivo, organizado por AutoData, de 19 a 23 de agosto, os caminhões e ônibus fabricados no País representam apenas 18% de tudo que é exportado para os países da América Latina:
“Somos uma referência regional como indústria de veículos comerciais, mas a nossa participação ainda é muito tímida nas exportações. Países como Japão e China exportam mais para a América Latina”.
A China, segundo Burger, é a principal fornecedora de veículos comerciais para a América Latina: sua participação em 2024 deverá ficar em 35%. O Japão representará 27%, seguido pelo Brasil com 18%, União Europeia 11%, Estados Unidos 6% e o restante virá de outros mercados.
Um dos pontos que dificulta o avanço das exportações são os acordos comerciais, como no caso da Colômbia, onde os veículos produzidos no Brasil, com 60% ou mais de conteúdo local, pagam 6,9% de imposto. No caso de porcentual de nacionalização menor, o imposto sobe para 15%, enquanto um modelo europeu não paga nada: “Para o Grupo Daimler muitas vezes compensa exportar um Actros produzido na Alemanha para a Colômbia, comparado com o mesmo modelo feito em São Bernardo do Campo”.
O diretor também mostrou o caso do Equador, onde os veículos brasileiros pagam 3,5% de impostos independentemente do nível de conteúdo local, enquanto os europeus tem taxas zeradas, cenário que é igual para os chineses. No Chile o cenário é mais favorável, pois os comerciais importados da China ou da Europa pagam até 6% de imposto, enquanto os brasileiros com conteúdo local tem imposto zerado.
Custo Brasil, variação cambial, linhas de financiamento para exportações e créditos fiscais de exportação, que muitas vezes são difíceis de serem recuperados, também foram citados como pontos que dificultam o crescimento das exportações brasileiras na América Latina, segundo Burger.
Para atender as demandas =na região o Grupo Daimler criou uma divisão para estar mais próximo dos clientes e entender melhor suas demandas. Como o mercado é muito diversificado a companhia optou por um modelo de operação com seis marcas: Mercedes-Benz, Fuso, Freightliner, Western Star, Detroit Diesel e Thomas Built Buses.
Dessa forma, o centro regional instalado no Brasil avalia quais marcas se encaixam melhor em cada país e realiza a importação e venda dos modelos, por meio de 31 distribuidores oficiais. No caso da marca Mercedes-Benz 60% da demanda da região é atendida pelos modelos produzidos em São Bernardo do Campo.