País vizinho foi responsável por quase 70% das exportações de veículos brasileiras em janeiro
São Paulo – O crescimento de 207% das exportações de veículos para a Argentina em janeiro, totalizando 19,4 mil unidades, estimulou a expansão das vendas externas. No mês passado foram exportadas 28,7 mil unidades, alta de 52,3% em comparação a janeiro de 2024, 18,8 mil.
De acordo com dados da Anfavea divulgados durante entrevista coletiva à imprensa na segunda-feira, 10, um ano atrás os embarques ao país vizinho haviam somado 6,3 mil unidades, o que correspondia a 34% do total das exportações. No mês passado, ao triplicar este volume, a participação argentina disparou para 68%, aproximando-se de fatia histórica sustentada por muitos anos, de 70%.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ressaltou a expansão do mercado da Argentina, que nos últimos anos girava em torno de 300 mil unidades, em 2024 chegou a 414 mil unidades – apesar da queda de 8% – e, este ano, poderá alcançar de 550 mil a 600 mil unidades: “Somente em janeiro o mercado argentino cresceu 103%. E, com isto, os veículos brasileiros aumentaram não só o volume como a participação”.
O otimismo é tamanho que mesmo com medida recente que reduziu em 20 pontos porcentuais o imposto para veículos elétricos no país, apesar do alerta que isto coloca às exportações brasileiras, Lima Leite estima que não deverá exercer grande reflexo este ano:
“A Argentina possui as mesmas dificuldades com infraestrutura que o Brasil. Então acredito que para 2025 não haja grande impacto. Para os próximos anos pode ser que gere algum efeito”.
O desempenho positivo do principal parceiro comercial do Brasil foi suficiente para camuflar problemas nos embarques para países como o México, onde, embora o mercado tenha crescido 6%. as exportações brasileiras encolheram 80%, de 3,8 mil para 778 unidades, na relação janeiro de 2024 ao mês passado. Desta forma a participação de veículos brasileiros despencou de 20% para 3%.
“Tivemos produção mais restrita de alguns produtos com boa penetração no México do fim de 2024 ao início de 2025. A maior entrada de outros fabricantes tem ameaçado a presença brasileira”, disse Lima Leite, ao lembrar que no ano passado as vendas ao México “salvaram as exportações brasileiras”.
Outro ponto de atenção refere-se ao fato de que diante da sobretaxação do governo de Donald Trump para veículos mexicanos com imposto de 25% é possível que haja redirecionamento de produto local para o próprio mercado: “As montadoras no México produzem 4 milhões de veículos por ano mas o país consome apenas 1 milhão de unidades. E 80% deste volume têm como destino os Estados Unidos”.
O Chile e a Colômbia também ampliaram seus mercados, respectivamente, em 3% e 24%. No entanto, os embarques brasileiros para estes países caíram 6% e 4%. O mercado chileno, que havia demandando em janeiro do ano passado 1,4 mil veículos brasileiros, este ano recebeu 1,3 mil, com redução da participação de 8% para 5%. E o colombiano passou de 1,3 mil para 1,2 mil, com queda na fatia de 7% para 4%, no mesmo período.
Quanto à receita, US$ 807, 8 milhões, houve acréscimo de 30,2% frente aos US$ 620,6 milhões de janeiro do ano passado. Para Lima Leite o avanço menor em termos porcentuais com relação à quantidade escoada pode se justificar na exportação de itens com valor um pouco abaixo no comparativo, assim como de CKDs.