São Paulo – Mais do que o aumento da IOF anunciado pelo governo, e que deverá ser revertido totalmente ou em parte nos próximos dias, o que preocupa Igor Calvet, presidente executivo da Anfavea, é o comportamento do mercado brasileiro de crédito. Mais especificamente dos movimentos de alta no juro e na inadimplência, e o fato de um retroalimentar o outro.
Durante a divulgação dos resultados da indústria automotiva de maio, e do acumulado do ano, Calvet tornou a externar sua insatisfação com o alto volume de veículos importados no mercado e admitiu que o crédito poderá ficar mais escasso nos próximos meses – justamente no segundo semestre, que historicamente é mais aquecido.
“Podemos passar a ter contração da demanda por causa do crédito caro e escasso”, afirmou, ao relembrar que a taxa Selic subiu para 14,75% ao ano e que a inadimplência chegou a 5% para pessoa física e a 3% para pessoa jurídica. E sugeriu, junto com o vice-presidente Marco Saltini, que o juro elevado já começa a mostrar seus efeitos no mercado de caminhões, especialmente no pesado, mais dependente de financiamentos.
Como as decisões do governo ainda não foram anunciadas a respeito do aumento da IOF Calvet evitou aprofundar o assunto. Embora não afete diretamente o mercado de pessoa física o aumento no imposto mexe no custo do inventário, o financiamento de floor plan dos varejistas, no risco sacado para fornecedores, nas operações de câmbio e nas vendas diretas para pessoas jurídicas. Toda essa equação bate no custo final do veículo e também na taxa de juro dos bancos para pessoas físicas, em efeito cascata.
O presidente da Anfavea, no entanto, está otimista: disse que, segundo as conversas que mantém com gente do governo, em Brasília, DF, a tendência é que ele seja revertido ou minorado: “Deveremos ter boas notícias com relação ao IOF”.