São Paulo – O painel de abertura do último dia do Congresso AutoData Perspectivas 2022 teve a presença de Eduardo Ferreira Rebuzzi, vice-presidente da NTC&Logística, que analisou o momento que vive o setor de transporte de carga e antecipou cenários esperados para o ano que vem. Ele mostrou preocupação com questões não resolvidas na macroeconomia com influência direta nos negócios das transportadoras, como o possível baixo crescimento do PIB e a possibilidade da volta do recolhimento do INSS sobre a folha de pagamento em torno de 20%.
Rebuzzi disse, ao repercutir projeções feitas por economistas que participaram do Congresso AutoData e que falaram em crescimento do PIB de 0,5% a 1,5% em 2022, que “o setor cresce duas ou três vezes o resultado do PIB. Se o esperado é um crescimento menor consequentemente teremos algo perto da estagnação”.
O vice-presidente da NTC&Logística citou pontos de atenção para o desempenho do transporte rodoviário de carga no ano que vem. Destacou a manutenção da desoneração da folha de pagamento até 31 de dezembro de 2026: "Se a partir de 1º de janeiro de 2022 as empresas forem obrigadas a voltar a recolher o INSS previdenciário em torno de 20%, isso gerará custo muito pesado e será difícil suportar. Esses valores que deixamos de recolher nos últimos anos não estão no caixa das empresas, não viraram poupança. O risco de desemprego é sério".
Rebuzzi lembrou que o avanço da vacinação contra a covid-19, a volta gradativa à atividade do setor de serviços e a geração de empregos deveriam sustentar a retomada econômica, mas as perspectivas para o crescimento têm sofrido deterioração por causa da alta da inflação, dos juros e do dólar. A ruptura na produção em geral com o risco de racionamento de energia, além da instabilidade política, também são fontes de preocupação das transportadoras.
"O cenário de médio prazo depende de reformas e da adoção de políticas econômicas sustentáveis. O aumento de custos do transporte rodoviário de carga é o maior dos últimos 26 anos. Para 2022 não se espera que mude muito.”
Rebuzzi salientou, também, que a última pesquisa feita pela NTC&Logística, no primeiro semestre, revelou situação complicada do setor: “52% das empresas não aumentaram ou até deram desconto no frete ao longo do ano. 28% delas tiveram redução em seu faturamento. O prazo médio de recebimento foi acima de quarenta dias e com tendência a aumentar”.
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