São Paulo – A indústria brasileira de motocicletas, assim como vem reclamando a de veículos, tem sofrido com o avanço dos produtos chineses e de outros países da Ásia na América Latina. Segundo a Abraciclo a China atende a 60,7% da demanda na região, a Índia 15,8% e o Brasil apenas 5,8%, o terceiro maior exportados para os países latinos.
Segundo Marco Antônio Bento, presidente da Abraciclo, a China tem escala produtiva elevada e fornece produtos com tecnologia inferior à brasileira. O executivo participou do 5º Congresso Latino-Americano de Negócios do Setor Automotivo, realizado por AutoData.
Para ele o principal motivo para o avanço asiático é a falta de harmonização regulatória dos países da América Latina, que permite a comercialização de produtos mais poluentes. Apenas o Brasil está na fase Promot M5 do programa de emissões para motocicletas. Chile, Equador, Peru, Bolívia, Colômbia e Argentina, estes dois últimos os principais mercados depois do Brasil, ainda comercializam produtos Promot M3 vindos de outros países. Já Paraguai e Uruguai aceitam motocicletas que não atendem a nenhuma fase do programa de emissões.
Esse cenário torna os produtos brasileiros menos competitivos na região pois são mais tecnológicos, mais seguros, emitem menos poluentes, e por isso, têm preços posicionados acima dos produtos importados da Ásia, segundo o presidente: “Temos que avançar com as regras de emissões na região porque atualmente o Brasil está um passo ou até dois na frente dos demais”.
Bento disse que, com os investimentos realizados pelas fabricantes para produzir motocicletas seguindo as normas do Promot M5, não é mais possível fabricar apenas para exportação, atendendo normas menos rígidas de outros países, porque as linhas das fábricas instaladas no País já foram modernizadas.
Mas nem tudo são entraves para as exportações nacionais: o nível das motocicletas nacionais permite ganhar espaço em países mais exigentes, como Estados Unidos, Austrália, França e Canadá. Bento também acredita que, com a harmonização regulatória, existe muito espaço para o Brasil avançar na América Latina, tornando-se mais competitivo