São Paulo – Mesmo sendo o sétimo produtor mundial de veículos o México tem hoje 65% de seu mercado interno de automóveis e comerciais leves formado por modelos importados. Desse total o Mercosul ocupou em 2023 uma fatia de 14,4%, bem atrás dos 30,3% da China. Em 2005 o bloco liderava as importações dos mexicanos, com 34,2% do total. Estes foram alguns dos números apresentados por Guillermo Rosales, presidente da Amda, Asociación Mexicana de Distribuidores de Automotores, no 6º Congresso Latino-Americano de Negócios do Setor Automotivo, realizado por AutoData.
A soma das exportações de Brasil e Argentina para o México foi de 248 mil veículos em 2005. Depois de dezoito anos o Mercosul colocou apenas 130 mil unidades. A participação brasileira é bem maior do que a da Argentina: de 14,4% do Mercosul em 2023 o Brasil representou 13,3%.
O papel de liderança dos veículos chineses nas importações mexicanas acontece mesmo com apenas uma marca do país asiático no Top 10 local, a MG, exatamente na décima posição. Rosales entende este fenômeno pelo fato de várias marcas tradicionais do mundo ocidental, que inclusive fabricam há muito tempo no México, trazerem carros que fazem na China para formar seus line-ups, uma vez que cerca de 90% da produção mexicana é de veículos de maior valor agregado, destinados a Estados Unidos e Canadá.
“De cada dez veículos da General Motors vendidos no mercado mexicano, sete são chineses”, exemplificou. “São modelos que atendem melhor ao poder aquisitivo da nossa população.”
De acordo com Rosales a China está demonstrando sua competitividade não apenas no preço dos carros mas também com relação ao nível de equipamentos e às motorizações com diferentes níveis de eletrificação – HEV, PHEV e BEV, “sem falar da presença forte de produtos de outros países asiáticos, como Japão, Índia e Tailândia”. Estes países representaram respectivamente 9,1%, 8,5% e 6,5% das importações mexicanas em 2023.
Oportunidade nos pesados
Se a briga é difícil nos segmentos de automóveis e de comerciais leves Guillermo Rosales avalia mais possibilidades para os veículos pesados produzidos no Brasil. No caso dos caminhões, mesmo com a tradicional preferência dos mexicanos pelos americanos, a frota é muito antiga, com idade média de 20 anos: “A pandemia atrasou a renovação e agora, com o mercado melhor, há oportunidades para produtos que sejam competitivos”.
O mesmo cenário se vê com o parque circulante de ônibus, bem obsoleto, de modo geral.
Para o presidente da Amda os países latino-americanos precisam refletir sobre a competitividade de seus produtos para que possam ter mais sucesso nas exportações, disputando de maneira mais próxima com a China e outros produtores da Ásia.