Grupo ABG, ZF e Bridgestone preveem crescimento que pode variar de 7% a 20%, mesmo com a dificuldade imposta pela concorrência chinesa
São Paulo – Três fornecedores da indústria automotiva prevêem crescimento nos negócios em 2025, mesmo sem todas as definições do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, que ainda carece de regulamentação. As estimativas foram dadas durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025, promovido pela AutoData Editora, em São Paulo.
O Grupo ABG, que reúne empresas como a Neo Rodas, Neo Steel e Neo Parts, dentre outras, projeta crescimento na casa dos 20% graças a novos projetos e nomeações que estão em andamento. Já a ZF prevê crescimento em torno de 7% com a oferta de produtos de alto valor agregado. Por fim a fabricante de pneus Bridgestone espera um crescimento na ordem de um dígito porcentual, ainda que não tenha especificado um número.
As três empresas ainda se encontram em estágio inicial nas conversas com o governo federal visando aos benefícios do Mover. A ZF espera entrar no programa a partir de projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, que podem contar com incentivos fiscais. Já a Bridgestone planeja as primeiras conversas para incluir a indústria pneumática na ação. Por fim o Grupo ABG afirma que analisa várias oportunidades, mas que ainda está na fase de estudos.
“Para além do Mover estamos trabalhando fortemente na nacionalização de produtos”, afirmou Carlos Delich, presidente da ZF no Brasil. “Dentre eles estão o controle eletrônico de estabilidade e as câmaras de freio.”
Já Alexandre Abage, CEO do Grupo ABG, declarou que nacionalizará produtos que, atualmente, são importados do México e Europa. O processo ocorrerá a partir do segundo semestre de 2025, nas fábricas da empresa em São Paulo.
Um consenso: a queixa contra a concorrência chinesa.
A entrada de empresas com origem na China no mercado automotivo brasileiro uniu as três empresas nas queixas contra a concorrência, que seus executivos veem como injusta. Segundo Abage “o Brasil é o segundo maior mercado para carros chineses e todas as empresas são bem-vindas, desde que as condições de produção e venda sejam iguais”.
A afirmação é corroborada por Delich, da ZF: “Nós fornecemos peças para duas montadoras chinesas, mas sabemos que elas trazem outros parceiros do mesmo país e que competem no nosso mercado em condições melhores do que as empresas locais. Isso prejudica todo o nosso ecossistema”.
Damian Seltzer, country manager da Bridgestone Brasil, disse que Estados Unidos e Europa adotaram barreiras tarifárias para impedir o avanço chinês e que o governo brasileiro poderia fazer mais para proteger o mercado nacional e tornar a concorrência justa: “Com o início do governo Trump é possível que medidas protecionistas afetem não apenas a China mas, por tabela, também o Brasil”.