Fabricantes independentes de motores discutiram o setor no Congresso AutoData Perspectivas 2025
São Paulo – Fabricantes de motores deixaram claro, em uníssono, acreditar que o diesel seguirá predominante em suas linhas de produção até o fim da década. O plano é, inclusive, concentrar a fabricação e ampliar o portfólio a fim de tornar as unidades brasileiras polo exportador. Em paralelo estão sendo desenvolvidas e expandidas opções de motorização menos poluentes, a exemplo de biogás, biometano, biodiesel e etanol.
Foi o que afirmaram Mariana Pivetta, diretora de vendas e marketing da Cummins, Amauri Parizoto, diretor comercial da FPT Industrial para a América Latina, e Thomas Puschel, diretor de negócios e marketing da MWM, durante o Congresso Perspectivas 2025, realizado por AutoData em 26 e 27 de novembro.
“A Cummins quer ser líder na transição energética”, disse Pivetta. “Temos, portanto, de trabalhar com alternativas ao diesel. Apresentamos na Fenatran o motor de 6,7 litros a etanol e a plataforma Helm, em que o bloco é comum e apenas o cabeçote é trocado, podendo ser usado hidrogênio, gás e diesel. Isso traz simplificação para que o frotista escolha a melhor solução para a operação.”
A executiva ressaltou, entretanto, que não é possível realizar mudança radical até 2030: “O diesel seguirá predominante, respondendo por 85% a 90% do portfólio da companhia”.
Puschel igualmente reconheceu que o motor a combustão será hegemônico, ao ressaltar que convive com biodiesel, biogás e biometano de forma crescente, uma vez que a companhia tem diversificado portfólio de produtos: “Nossa primeira bioplanta foi estabelecida em Toledo, no Paraná, em parceria com a cooperativa Primato. Estamos instalando biodigestores e fazemos coletas em treze fazendas”.
Para o diretor da MWM é imprescindível que a transição energética seja viável, acessível, gere emprego e renda.
“O que é adotado para um país europeu ou Estados Unidos é diferente do que seria para o Brasil, que tem condições, neste momento, de ser um hub produtor de motores a combustão. Possui indústria de autopeças adequada e forte. Então temos de fomentar, sim, essa questão de trazer cada vez mais motores produzidos fora do País, porque seguiremos fabricando esse produto por muito tempo.”
Parizoto partilhou da opinião e foi além, ao brincar que o diesel corre nas veias e dizer que, além de o diesel híbrido ser viável, é possível que alguma iniciativa neste sentido seja trabalhada pelo investimento de R$ 127 milhões anunciados pela FPT, ao ressaltar que se trata da primeira vez que recebe um aporte deste tamanho da matriz.
Completou, ainda, que é oportunidade para reforçar as exportações pois “é perfeitamente viável que o Brasil se torne polo exportador de motor a diesel. A FPT possui planta na China, por exemplo, e avaliaremos como ficará a situação, principalmente após a eleição nos Estados Unidos”.
Em paralelo citou que a empresa fabrica motor de 13 litros em Córdoba, Argentina, e que tem notado maior volume de consultas, recentemente, por parte de frotistas. Além disto em outubro foi atingida a produção de 100 mil motores a gás.
Segundo Pivetta a Cummins tem reforçado seu posicionamento quanto às exportações. A empresa era focada nos mercados brasileiro e argentino e a partir de 2023 o plano foi alterado por causa de grande sazonalidade local: “Em torno de 15% da produção é exportada hoje. E isto é importante porque gera caixa e possibilita investimento em novas tecnologias no mercado brasileiro”.