São Paulo – O Brasil terá, sim, oportunidade única se forem feitos investimentos em P&D visando ao uso do etanol e da biomassa para a geração de hidrogênio verde como fonte de energia elétrica para a mobilidade nos próximos cinco anos. Foi o que afirmou Besaliel Botelho, CEO da Bosch América Latina, durante o primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2022, realizado de forma on-line, e que vai até sexta-feira, 22.
“Este é o caminho se quisermos ser protagonistas daqui a dez ou quinze anos na geração eletricidade e de hidrogênio com etanol, além da aplicabilidade do etanol também como combustível flex.”
Mas, para que este cenário seja realidade algum dia, Botelho destacou a necessidade da adoção de políticas claras que promovam a pesquisa e o desenvolvimento dessas tecnologias, principalmente no uso da biomassa e do etanol, além de investimentos e parcerias nas ou com as indústrias, que devem juntar esforços com institutos e universidades pois, em sua avaliação, este não é trabalho para um só fazer. O executivo citou o RenovaBio e o Rota 2030 como bons exemplos de PPPs.
Sobre o fato de não se falar de etanol na Europa, onde a aposta principal é a eletrificação – em 2035 a meta é de zero emissão na venda de veículos novos e 55% de redução em 2030 –, Botelho disse que não fomos nós a perder o bonde e sim eles, os europeus, há vinte anos, quando nele não embarcaram para reduzir emissões. Tanto que tiveram de recomeçar e investir muito dinheiro em tecnologias de bateria e motor elétrico para atender aos índices impostos pela legislação da região: "Temos que parar de achar que etanol é coisa só de brasileiro. É uma tecnologia que ganhará importância muito maior quando combinada com a geração de hidrogênio. É a estrada que temos que percorrer em busca desse combustível do futuro”.
Na análise do CEO da Bosch descarbonização não é tema de eletrificação: “Temos que ter veículo que torne viável a redução de emissões, independente do combustível que use. O motor a combustão não é o único vilão da história”.
Ele reconheceu que, quando pensamos nos desafios do futuro ligados à descarbonização até 2050, o Brasil está longe dessa jornada. Mas ponderou que, frente ao resto do mundo, dentro do Acordo de Paris, o País está muito bem no que diz respeito à emissão de CO2. Conforme dados de 2018 há o compromisso de reduzir em 43% os gases de efeito estufa até 2030. Ele disse acreditar que o Brasil é o que mais contribui, hoje, no que diz respeito às tecnologias e aplicabilidades de energias renováveis.
Na origem das emissões fósseis a indústria tem 10% dessa influência. Grande parte são queimadas, geração de energia e agropecuária: "Temos um compromisso assumido e o Brasil precisa tomar decisões importantes para continuar no caminho da descarbonização".
O País está à frente quando comparado com a média global de 14% de uso de energia renovável — aqui temos quase 50%. Quanto à matriz energética 80% da nossa é renovável, e no mundo são 25%: "Se tivermos hidrogênio verde o mundo vai querer comprar do Brasil".
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